A população brasileira mais oprimida e explorada tem sofrido com grande frequência investidas judiciais de despejo de áreas de moradia ocupadas no período de pandemia em diversas regiões. É o caso de moradores de um terreno localizado ao lado do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, próximo ao Palácio do Planalto, que, no último dia 7, tentaram resistir a terceira tentativa de desocupação violenta.
Os moradores tentaram impedir a derrubada da Escola do Cerrado, espaço educativo criado durante a pandemia para atender 20 crianças que vivem no local. O crime perpetrado contra a comunidade foi obra do conluio das instituições brasileiras. Foi uma solicitação do Governo do Distrito Federal, de Ibaneis Rocha (MDB), e recebeu aval do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em decisão na última sexta, contrariando a decisão de uma liminar da 8ª Vara da Fazenda Pública do DF, que proibia qualquer ordem de reintegração da ocupação do terreno ao lado do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) durante a pandemia, decisão publicada em 25 de março.
Após a liberação judicial o processo foi promovido com violência, com uma série de violação de direitos, como a prisão arbitraria de três manifestantes, entre eles do socioambientalista Thiago Ávila, que procurou proteger junto à comunidade o espaço escolar contra a derrubada pelos tratores. Após serem violentamente dominados foram levados sem direito a acesso a advogados. Eles foram levados à Delegacia De Combate a Ocupação do Solo e aos Crimes contra a ordem Urbanística e o Meio Ambiente (Dema) e acusados de “crime ambiental”. O três foram soltos mediante fiança paga pelos manifestantes.
Ibaneis Rocha teve a capacidade de defender a ação violenta publicamente em suas redes sociais, afirmando que é papel do um governador fazer cumprir o que determina a lei. Se valeu da justificativa de que ofereceu auxílio aluguel e abrigo, mas não explicita que pretende jogar as famílias a mais de 50km de distância da região central em condições mais precárias possíveis.
No caso desabrigar pessoas, destruir moradias e escolas, prender cidadãos arbitrariamente sem direito a advogados, jogar famílias na rua em plena situação de pandemia é aparentemente função dos governos direitistas e assassinos no momento em que vivemos.
Quando os números de mortos diariamente ultrapassam 4.000 a cada vinte e quatro horas, obrigar a população a lutar pelo direito de moradia e educação é a prova da barbárie sem precedentes que enfrentamos.
O exemplo da organização da comunidade é valido para todos os movimentos de luta, mas a maior lição a se tirar de situações semelhantes é a de que não é possível confiar nem depositar qualquer tipo de esperança nas instituições fascistas brasileiras e em seus governos lacaios.