Um casal de agricultores do sul do estado do Amazonas foi assassinado a tiros por dois homens encapuzados na última terça-feira (8). Sebastião David Pereira e Maria Aristides da Silva viviam no Projeto de Assentamento (PA) Monte localizado entre Lábrea e Boca do Acre. Uma filha do casal também foi baleada, a jovem de 13 anos de idade encontra-se hospitalizada. A polícia ainda não tem pistas dos criminosos.
O crime está relacionado aos intensos conflitos por terra, comuns na região. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) atesta, em documentos, o direito de 940 famílias assentadas desde 1994. Porém, segundo a Regional da Comissão Pastoral da Terra – Acre, menos de 20% das famílias que têm direito a morar no PA Monte estão, de fato, residindo na área, por conta da forte pressão de latifundiários que cercam a região e buscam, ilegalmente, garantir interesses próprios, passando brutalmente por cima da vida de quem representa um obstáculo. Foram registrados 14 assassinatos em contexto de conflitos agrários, desde 2018, sem contar os que não entraram para as estatísticas. Isso significa uma média de 4 assassinatos por ano se considerarmos que o ano de 2022 acabou de começar.
Tragédias como essa revelam a urgência de que a população, oprimida, tenha o direito de se defender à altura de seus opressores. Nas cidades a polícia está armada até os dentes contra a população pobre, periférica e favelada. Nos campos e florestas, os capangas dos grandes fazendeiros e os grupos de extermínios transformam o dia-a-dia num verdadeiro faroeste. Enquanto nossos inimigos possuem poder bélico, nós, o povo brasileiro, não temos nem o direito de portar uma arma de fogo.
Não há como se defender de tiro com flores ou palavras bonitas. Precisamos formar comitês de auto defesa porque o Estado não garante a nossa segurança. Pelo contrário, a polícia é o braço armado da burguesia para fazer a manutenção do sistema de exploração da classe operária e do povo pobre. E proteger a propriedade privada.
Não deveria ser um debate se as pessoas têm ou não o direito de se defenderem em uma sociedade de classes, em uma sociedade capitalista. O direito a auto defesa deveria ser inalienável e isso só é possível, de maneira efetiva com o armamento da população.