Teve início, no último domingo (31/10) a 26ª conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (COP26) em Glasgow, na Escócia, que deve durar até 13 de novembro. O evento da ONU, que o Reino Unido sedia pela primeira vez, prevê reunir 30.000 delegados entre chefes de Estado, se não de todos os países, da maioria deles, além de especialistas na questão, ativistas e muitos capitalistas. O objetivo professado do encontro é possibilitar, com novos acordos, o cumprimento da meta do Acordo de Paris, de limitar o aquecimento planetário a 1,5 °C.
Porém, entre o que é professado e o que de fato o encontro representa existe uma distância monumental. Trata-se em realidade do ápice da hipocrisia, os países imperialistas, como EUA, Inglaterra, França, Alemanha, dentre outros, e as grandes companhias imperialistas que promovem a política neoliberal em todo o mundo, cujo resultado é a devastação econômica e ambiental reúnem-se para forçar países pobres e atrasados a adotaram medidas e acordos com o imperialismo em nome do meio ambiente, isso quando os países imperialistas são os piores poluidores e destruidores do meio ambiente, no seu próprio território e no dos outros.
O Brasil, por exemplo, é destaque negativo da reunião, isso por ter aumentado o desmatamento e a emissão de gases poluentes do período do golpe de Estado de 2016 para cá, e sobretudo, nos anos de governo Bolsonaro, governo esse que é resultado da própria ação do imperialismo.
Na COP26, o Brasil, para inglês ver, por meio do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, apresentou novas metas que incluem redução de 50% de emissão de gases do efeito estufa até 2030 e a neutralização da emissão de carbono até 2050 e a eliminação do desmatamento em dois anos. Bolsonaro, mesmo não participando da cúpula do clima, chegou a criticar a COP26 por ter levado uma indígena, segundo ele, para atacar o Brasil, mas curvou-se como de praxe ante os donos do mundo
Há ainda encontro e articulações, possivelmente antinacionais. A direita tradicional também mostra sua subserviência, o príncipe Charles, da Inglaterra, tem encontro marcado com governadores e prefeitos brasileiros. Charles preside a Iniciativa de Mercados Sustentáveis (SMI) e discute com os brasileiros sobre a campanha Race To Zero, que visa, por meio de parcerias, de empresas, cidades, regiões, investidores para uma recuperação saudável, resiliente e zero de carbono. Evidentemente, que tirando as palavras atraentes, trata-se da política neoliberal, de entrega do patrimônio nacional ao mercado disfarçado de atividade em prol do meio ambiente.
Outros países que sofrem maior pressão em relação à aceitação de acordos climáticos, são China, Rússia e Índia. No entanto, é sintomático que o país mais poluidor do mundo, os EUA, não seja alvo das críticas na conferência e da parte da imprensa internacional. O Brasil, Rússia e China emitem poucos poluentes se comparados aos norte-americanos.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com o cinismo que lhe próprio, pediu desculpas na conferência, não pela emissão de gases ou pela política de devastação econômica, social e ambiental que praticam sistematicamente em outros países, mas pelo fato de o presidente anterior ter saído do Acordo de Paris. os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram em 02/11 um acordo global para redução da emissão do gás metano até 2030. O Brasil assinou o novo compromisso.
O presidente do México, López Obrador, foi feliz ao se referir ao encontro, definindo-o como hipocrisia. Mesmo para o político da esquerda moderada latino-americana, é gritante a farsa: “Já chega de hipocrisia e de modismos, o que deve ser feito é combater a desigualdade monstruosa que existe no mundo”. E ainda continuou: “aumentam a produção de petróleo ao mesmo tempo que realizam essas reuniões de cúpula para proteger o meio ambiente”.
Trata-se, logicamente de uma farsa, de maneira nenhuma é do interesse do imperialismo proteger o clima no planeta, tão e somente usam um determinada causa para promover sua política contra os países atrasados, abrir mercados ao seu capital e apoiar governos que lhes impõem alguma barreira.
Outro elemento que se destaca, é o próprio ambientalismo como ideologia, cumpre o mesmo papel que cumpre o identitarismo para outras demandas, usar uma reivindicação ou demanda democrática e progressiva para organizar uma política e uma ideologia reacionária confundindo a própria esquerda.
Na verdade, os heróis do clima na COP26, os países, políticos e empresários imperialistas, que promovem esse tipo de conferência, assim como ONGs ambientalistas a eles ligados são os mesmos que estão escravizando a humanidade com o neoliberalismo, impondo-o no mundo todo, mesmo a custa da promoção de golpes de estado no mundo todo, de ditaduras, fome, miséria e devastação ambiental, como no Brasil, onde a devastação ambiental acentuada se deve ao golpe de 2016 e que levou a extrema-direita ao poder com Jair Bolsonaro, e o golpe de deve a justamente estes heróis do clima que discute a redução das emissões de gases do efeito estufa na COP26, o que mostra que o ambientalismo como ideologia é uma farsa total.
