Desde o início da crise do coronavírus, ficou claro para os observadores mais realistas que a pandemia necessariamente geraria um fortíssimo abalo econômico no já senil capitalismo mundial. Alguns dados econômicos oficiais, recentemente publicados, dão a medida da catástrofe que ameaça se avizinha.
Segundo os números publicados na última sexta-feira (17) pelo Gabinete Nacional de Estatística da China, o PIB (Produto Interno Bruto) do país asiático sofreu um retrocesso de 6,8% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2019. O resultado expressa a pior contração da economia chinesa desde 1976, ano da morte de Mao Tsé-Tung e do seu primeiro-ministro Zhou Enlai, bem como do terrível terremoto de Tangshan, que deixou pelo menos 250.000 mortos.
A desaceleração da economia chinesa era bastante visível nos últimos anos. No ano passado, a “guerra comercial” com o imperialismo norte-americano, sob a administração Trump, contribuiu para deixar o índice de crescimento em 6,1%, o menor em quase trinta anos. Agora, com a desencadeamento da epidemia, o que podia ser qualificado como desaceleração tende a se transformar numa fulminante bancarrota econômica.
A crise do coronavírus fechou fábricas, interrompeu uma boa parte dos fluxos comerciais, manteve milhões de pessoas confinadas em seus lares e, o que é ainda mais importante para a economia chinesa, diminuiu drasticamente a demanda externa pelos bens produzidos em solo chinês. Neste momento, a indústria chinesa, apesar dos reveses, continua produzindo mais do que se pode consumir, o que acarretará inevitavelmente o reforço das tendências deflacionárias.
Está longe de ser um exagero afirmar que a economia chinesa tem sido o principal sustentáculo do moribundo capitalismo mundial há várias décadas. A abertura de sua economia para a entrada dos grandes monopólios do imperialismo norte-americano e europeu permitiu que o capitalismo dispusesse de um novo e abundante contingente de mão de obra, provocando a queda do valor da força de trabalho e gerando um refluxo do movimento operário em escala internacional. Em conjunto com outros fatores, isso garantiu, ainda que em termos relativos, uma sobrevida à cambaleante economia capitalista.
A crise gerada pelo coronavírus, porém, ameaça afetar gravemente esse pilar fundamental do capitalismo – a economia chinesa. Tudo leva a crer que as consequências econômicas do coronavírus serão catastróficas para o capitalismo de conjunto.