Uma foto divulgada na página “Belém City”, do Twitter, gerou grande indignação. A imagem mostra uma bandeja de isopor com restos de peixe, classificados como “carcaça de peixe”, ao preço de R$3,90 o quilo. É possível distinguir na imagem uma mistura de pele, cabeça, sangue e espinhas de peixe, embrulhados em papel filme.
A foto foi compartilhada pela jornalista Aline Brelaz, que afirmou tê-la recebido em um grupo de whatsapp. A rede de supermercado que oferece as carcaças para seu público é a Formosa, de Belém (PA). A jornalista afirmou que a imagem é de uma unidade do supermercado na cidade de Ananindeua, localizada na região metropolitana de Belém. Ela afirmou: “eu vou lá desde que abriu, na década de 90, e nunca vi vender carcaça de peixe. O que sempre vendeu foi a cabeça e o rabo, mas com carne, que as pessoas usam para fazer caldo ou caldeirada”, mostrando que é uma prática nova. Ela ainda complementa: “é revoltante porque aquilo é só espinha de peixe. Dá uma angústia e ao mesmo tempo uma revolta de pensar que são grandes redes de supermercado, que não fecharam as portas na pandemia, lucraram muito porque quem tinha renda comeu mais no lockdown e agora os caras veem na miséria uma chance de lucrar mais. Isso é uma coisa infame e medieval. Nunca vou entender como o ser humano consegue lucrar com a fome e a miséria do outro”, mostrando a indignação que gera esse tipo de situação. Um usuário do Twitter comentou que a mesma rede está também vendendo ossos em seu açougue.
A venda de carcaça de peixe é apenas mais um episódio em meio a uma onda de intensificação da fome no País, a qual tem sido aproveitada pelos capitalistas da indústria alimentícia para aumentarem seus lucros.
As primeiras imagens de restos de alimentos sendo oferecidas para a população de que se têm notícias eram de um açougue em Cuiabá, que estavam distribuindo ossos e pelancas para a população miserável, organizada em uma fila em frente ao estabelecimento.
O mesmo se viu no Rio de Janeiro, onde pessoas recebiam doações de compartimentos de carga de caminhões, que transportavam ossos e pelancas de carne. As imagens mostravam diversas pessoas disputando um espaço em meio a uma montanha de ossos.
Mais revoltante ainda foram imagens de uma placa num açougue em Santa Catarina, que deixava claro que o osso “era vendido e não dado”, o que gerou muita revolta na população, a tal ponto que o dono do estabelecimento teve que retirar a notificação.
É preciso ter claro que os principais responsáveis pela situação ter chegado a esse ponto são Bolsonaro e os governadores, que vêm aplicando uma política neoliberal, geradora de desemprego, miséria e fome, levando a população a essa situação de desespero. Diante disso, os capitalistas enxergaram mais uma forma de lucrar, ao vender por preços mais baixos pedaços de carne que originalmente iam para o lixo, esfolando duplamente os trabalhadores.