A inflação continua em alta e no mês de abril aumentou mais 1,73%, sendo a maior taxa para o mês desde 1995. A taxa acumulada em 12 meses saltou de 10,79% para 12,03% no mês de abril, uma situação de inflação galopante que assola o Brasil e o mundo todo. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA 15) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Combustíveis, do grupo de Transportes, e alimentos foram os mais afetados. A gasolina teve aumento de 7,51%, o óleo diesel 13,11%, o etanol 6,60% e o gás veicular 2,28%. Já o gás de cozinha sofreu com aumento de 8,09%, depois da Petrobras anunciar aumento de 16,06% em meados de março.
Os alimentos aumentaram de preço em 2,25% no mês, e os que mais pesaram no cálculo foram o tomate com 26,17%, seguido pela cenoura, óleo de soja, leite, batata e o pão francês 4,36%, sendo o que teve o menor aumento no mês.
Os cálculos do IPCA 15 abrangem nove grupos e destes em oito houve aumento. Do total de itens pesquisados, o IBGE constatou que 79% deles apresentaram aumento. Avalistas do mercado estão reavaliando suas expectativas para mais inflação neste ano e nos demais à frente por entenderem que existe um processo que afeta a vários produtos ao mesmo tempo, disseminando a inflação.
Com a crise militar entre Ucrânia e Rússia e mais o fechamento dos portos na China, devido a novo surto de covid, fazem pressão para a continuidade da inflação, além de colaborar com a desorganização da cadeia global de produção e comercialização. Os navios parados nos portos chineses em gigantesca quantidade impedem a recepção de matérias primas e o envio de produtos industrializados para o planeta, impactando a inflação negativamente.
A meta do Banco Central para 2022 é de 3,5% de inflação, mas o acumulado em 12 meses já está em 12,03%. O BC já trabalha com projeções de avanço da meta de inflação para 7,65% neste ano. A pesquisa apontou também que a inflação atingiu 95% dos brasileiros nos últimos seis meses.
A pressão inflacionária tende a continuar e é agravada pelos acontecimentos internacionais, como o fechamento da China pela nova pandemia, e o aumento dos preços do petróleo e do dólar. Isso faz com que o governo aumente a taxa de juros interna, a Selic, para tentar conter o consumo, que já é bastante reduzido, implicando em queda da atividade econômica.
Isso gera mais desemprego e redução de salários, numa espiral decrescente da economia, aumentando a fome e miséria dos trabalhadores. A inflação corrói o poder de compra dos salários fazendo com que os que continuam empregados comprem menos produtos.
Ademais a inflação é mensal e os salários são reajustados anualmente, sendo que há tempos as negociações de datas base não tem sequer conseguido repor a inflação do período. Os trabalhadores precisam reagir a isso e se impor frente aos empresários, que mesmo com as crises continuam aumentando o lucro de suas empresas. Criar um sistema de reajuste automático assim que a inflação atingir certo patamar ajudaria muito os trabalhadores.
A inflação está presente no mundo todo e o aumento dos preços do petróleo afetam também o país que tem a moeda de trocas entre os países, os EUA. A inflação neste país acaba sendo exportada para os demais países, uma vez que precisarão de maior quantidade dessa moeda para as trocas internacionais.
O mecanismo consiste em que a política para conter a inflação nos EUA é através do aumento da taxa de juros interna, feita pelo FED (Banco Central Americano). Com juros mais atrativos, os investidores mundiais aumentam as aplicações no país em questão. Isso reduz a liquidez internacional pois o dinheiro fica no sistema financeiro e não chega a financiar a produção, é o ganho financeiro especulativo. É a política neoliberal, que além de privatizar o Estado, acarreta a redução da atividade produtiva, favorecendo o investimento financeiro enquanto destrói a economia.
Essa política dos EUA aumenta a inflação nos demais países, decompondo o valor das moedas mais fracas dos países emergentes como o Brasil, Rússia, Índia, Venezuela, Colômbia, Peru, e os países da África.
Até antes da crise gigantesca iniciada em 2008 o neoliberalismo adotava a política de baixa inflação. Com a chegada da crise abandonaram esse artifício e não conseguem mais manter uma política de inflação baixa e sob controle. Mesmo sob risco cada vez maior de convulsões sociais, a inflação resolve em parte o problema de baixa acumulação de capital. Os dados mundiais comprovam isso, o aumento significativo da riqueza dos multimilionários e o aumento da pobreza até mesmo nos países desenvolvidos.
O crescimento dos lucros do capital gera no outro extremo, o da classe trabalhadora, uma acumulação de pobreza, miséria e fome jamais visto no planeta. O mesmo acontece no Brasil, o número de moradores de rua subiu em escala vertiginosa, o desemprego atinge níveis também históricos, a redução dos salários, aumento do desemprego, aumento da inflação, que já é galopante e perda de direitos trabalhistas e previdenciários. E com as privatizações a distância entre os ganhos do capital e o do trabalho fica cada vez maior, com níveis insuportáveis para os trabalhadores.
A crise entre a Ucrânia e a Rússia, que são importantes exportadores de alimentos, essas exportações ficam reduzidas, colocando mais lenha na fogueira da inflação no Brasil e no mundo. O aprofundamento da crise coloca o risco de outra grande guerra, pela partilha dos mercados colonizados pelo imperialismo, e acentua o declínio do capitalismo de forma permanente como modo de produção social. É a vez dos trabalhadores ascenderem ao poder do Estado, que deixará de ser propriedade da burguesia e passa a ser dos operários produtores de riquezas.