Ao contrário do que se pensa, a crítica do socialismo ao capitalismo não é de que todo o progresso propiciado pelo capitalismo é inútil e teria que ser cancelado, mas sim acelerado e efetivado em todas as regiões do mundo. O Partido da Causa Operária (PCO), por exemplo, defende que se obtenha o máximo de desenvolvimento possível para o Brasil como um requisito para uma revolução socialista bem sucedida.
O imperialismo, fase do capitalismo pela qual estamos passando, representa uma força destrutiva às economias dos países atrasados e, de maneira geral, de todo o mundo. A doutrina socioeconômica dos grandes capitalistas tem sido, desde o final do século passado, o neoliberalismo. É uma política adotada pelo imperialismo propositalmente para impedir o desenvolvimento dos países vizinhos menos desenvolvidos para que se mantenha a dominação e a hegemonia centralizada nos EUA.
Em entrevista recente ao programa do Ratinho, Lula acerta a informação a respeito do que tem sido feito e o que ainda é necessário que se faça no Brasil para ter seu sistema de transporte de produtos suficientemente desenvolvido para propiciar o impulso da economia do País. Ele se posiciona como quem busca o desenvolvimento nacional, não fica divagando sobre assuntos que não levam a nenhuma saída, como duelos com taxas de juros, por exemplo. Os problemas econômicos têm que ser resolvidos no âmago da questão, como é o caso do transporte das mercadorias. Com isto, Lula se posiciona abertamente contrário à doutrina neoliberal.
Um dos pontos cruciais para o desenvolvimento da economia é o país ter como interligar os portos para troca de mercadorias. No caso do Brasil, que é um país com 8 mil quilômetros de costa, a comunicação entre os portos por onde chegam e saem as mercadorias é fundamental para o avanço da economia nacional.
Todos os países desenvolvidos usam e têm como preocupação aumentar e modernizar sua malha ferroviária, pois é o meio mais barato e seguro para o deslocamento de mercadorias, o que deveria ser seguido à risca em países como o Brasil, de tamanho continental, que busca, se desenvolver economicamente. Fica claro, portanto, que o transporte mais vantajoso é, de fato, via malha ferroviária.
Lula destaca como o Brasil iniciou acertadamente seu desenvolvimento com investimento externo em ferrovias a partir do século XVII. O neoliberalismo chegou ao Brasil nos braços do PSDB e, de lá até o início do governo petista, a malha ferroviária no Brasil encolheu e, nos governos petistas, cresceu a passos curtos. Mais obras deveriam ter sido feitas e postas em operação, porém o golpe no governo Dilma Rousseff, destacado pontualmente pelo ex-presidente na entrevista, mostra que um setor da burguesia luta contra o desenvolvimento do País de maneira ferrenha.
Em 1958, o país tinha 38 mil Km de linhas em operação. Esse número caiu para 28,5 mil em 2003-2004, fim do governo FHC (neoliberal). E havia outros 1,298 mil Km de ferrovias desativadas nas mãos da União. Para corrigir esse desastre causado principalmente pelo neoliberalismo do PSDB, em especial num país que tem chances de iniciar um novo ciclo de crescimento e sérios problemas de escoamento da produção, o governo deveria investir seus próprios recursos e não esperar que o setor privado, a burguesia, aplique dinheiro numa atividade que não é lucrativa.
É primordial para o transporte das mercadorias no Brasil o desenvolvimento da malha ferroviária brasileira e, como disse Lula, os percursos das mercadorias por via rodoviária seriam feitos somente de 200 a 300 quilômetros, em caminhões.
