O índice de inflação divulgado pelo IBGE para o mês de julho foi o dobro do registrado no mês anterior. Em junho, o valor apurado foi de 0,53 % e agora chegou a 0,72%, maior aumento para o mês desde julho de 2004. O acumulado no ano chegou a 4,76% e nos últimos doze meses está em 8,99%, praticamente 9%.
Os principais responsáveis por esse aumento vertiginoso foram as tarifas de energia elétrica, os combustíveis e os alimentos. Os reajustes de 52% na tarifa da bandeira vermelha e os reajustes tarifários ocorridos em São Paulo e Curitiba, foi o principal impulsionador do aumento no grupo habitação, que também contou com a elevação do preço dos alimentos.
O grupo habitação, no cálculo da inflação, é o que tem grande peso para as famílias de baixa renda, que também foi afetado pelo aumento do preço do gás de cozinha.
O Boletim do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, da reunião realizada em 3 e 4 de agosto, sinaliza preocupação com o desequilíbrio fiscal, ou seja, que o estado está gastando mais do que arrecada e isso afeta negativamente as projeções de inflação, com as possíveis altas nos juros, prejudicando a possibilidade de recuperação na economia.
Como o ano que vem é ano de eleições, os gastos do governo tendem a aumentar prejudicando ainda mais o equilíbrio fiscal, furando o teto de gastos.
Outros fatores também influenciam negativamente a situação, como a tendência de continuar a queda da atividade econômica no resto do mundo, a inflação nos países desenvolvidos, coisas que indicam queda dos preços das matérias primas e aumento do gasto do governo.
Tem também o aspecto nebuloso na questão das eleições, causando insegurança nos investidores internos e externos na economia nacional. O Boletim mantém a previsão de crescimento do PIB em 2021 em 5,3% mas para 2022 revisa a previsão de queda dos 2,5% para 2,1%. Porém a indicação de 5,3% de crescimento em 2021 se refere à volta das atividades após a paralisação por causa da covid que foi de redução de 4%. A previsão dos especialistas é de haver taxas de crescimento entre 1% e 2% para a economia brasileira nos próximos anos, conforme matéria do jornal Correio Braziliense.
Temos que a tendência aponta para um verdadeiro descontrole da situação tanto econômica quanto social. E na questão da inflação a coisa é ainda pior, pois temos que, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o óleo de soja teve aumento de 90%, a carne bovina com 40% e o arroz mais de 50%.
Isso coloca em dúvida os índices oficiais de inflação, não só pela divulgação da Abras, mas quando estamos fazendo nossas compras no supermercado e também quando nosso salário acaba muito antes de acabar o mês.
Os índices apontados pela Abras parecem mais realistas que os do IBGE, porém sabemos que os critérios de levantamento de dados oficiais obedecem pouco aos critérios objetivos, eles sofrem muito mais influência dos subjetivos, por refletir a consequência das políticas adotadas pelo próprio governo. O governo não gosta de mostrar sua ineficiência governamental, e procura falsificar o índice em seu favor.
Tanto a economia brasileira como a dos demais países estão indo ladeira abaixo, o que comprova que o sistema não consegue mais se sustentar e caminha para o suspiro final. Caberá aos trabalhadores se prepararem para ocupar seu papel histórico de assumir o controle dos meios de produção e organizarem e administrarem o Estado Operário, quando então a sociedade deixará a pré-história para dar início a verdadeira história da humanidade.
