O European Central Bank (ECB), o Banco Central que controla as economias dos 19 países da zona do Euro, afirma que a inflação prevista para o bloco em Junho/2022 será mesmo de 8,6%. Coincidentemente ou não, a inflação dos EUA em maio/2022 foi de 8,6%, a maior taxa no país desde dezembro de 1981. Em ambos os lados do Atlântico Norte, o que impulsiona a inflação para cima é, em primeiro lugar, o preço da energia e, por consequência, os preços de combustíveis. Transporte e logística elevam os preços dos alimentos hortifrutigranjeiros, além de outros itens básicos, para o consumidor final: o trabalhador empobrecido e espoliado pela ordem econômica imperialista.
Na Zona do Euro, a energia teve aumento de 41,9% em junho, seguida pelos preços de alimentação, álcool e tabaco, com alta de 8,9%. Frutas, legumes e verduras tiveram aumento de 11,1% em média. O anúncio ocorre poucos dias depois de o ECB elevar a taxa de juros pela primeira vez em 10 anos. A presidenta do ECB, Christine Lagarde, afirmou que as taxas de juros continuarão subindo, caso a inflação mantenha seu ritmo de crescimento na Europa.
A inflação já estava presente nas economias europeias e norte-americanas antes do começo da Guerra na Ucrânia, fato que impulsionou a escalada da inflação na Zona do Euro, com reflexos na economia global, graças aos embargos à Rússia promovidos pelo bloco europeu, capitaneados pelos EUA.
Enquanto a Zona do Euro beira os 8% de inflação, países como Espanha, Luxemburgo, Eslovênia e Bélgica atingem 10%. Já Grécia e Eslováquia ficam em torno de 12%. A Letônia atinge 19%, a Lituânia, 20%, e a Estônia chega aos 22% de inflação. Os países da UE com menores índices de inflação no período são Malta, com 6,1%, e França, com 6,5%, abaixo da media dos países da UE. Cabe ressaltar que a França utiliza matrizes energéticas de origem nuclear, o que ajuda na questão dos custos de energia para os franceses, pesando no cálculo da inflação do país.
Dois países tiveram ligeira baixa nos seus índices inflacionários. A taxa na Alemanha caiu de 8,7% em maio, para 8,2% em junho. Na Holanda, a baixa foi de 10,2% para 9,9% no mesmo período. Pode-se observar que, mesmo tendo queda, os índices da Alemanha se mantêm na faixa da UE, enquanto a taxa dos holandeses registra índice maior que da EU. Em outras, palavras: não estão bem por causa dessa baixa minúsculas em seus índices de inflação.
Segundo o ECB, a taxa de 8,6% é 4 vezes maior do que a taxa prevista, de 2%, para o mesmo período. O contexto geopolítico, assim como a questão inevitável da mudança de estações, que traz o inverno para o hemisfério norte, faz da energia um bem muito mais do que essencial em muitos países europeus. Não só pela produção econômica e manutenção da máquina de guerra mas, principalmente, por conta da sobrevivência ao inverno, estação que cada vez mais se assevera no hemisfério norte.
Entretanto, conforme reportagem do The Guardian, publicada nesta sexta-feira (01), o Reino Unido é um dos mais fragilizados pela inflação, efeitos da guerra e da política de Boris Johnson. Segundo o jornal britânico, o Reino Unido está mais severamente atingido pela inflação que outras grandes economias e padece de um pior arrefecimento na economia. A inflação do Reino Unido, em maio, foi de 9,1%, maior que a média para a Zona do Euro e a maior inflação do G7.
Fica cada vez mais claro que a reação imperialista à operação especial russa é absolutamente ineficiente. Finalmente, as sanções contra a Rússia se voltaram contra o próprio imperialismo que entra em uma crise muito acentuada. A situação na Europa é reflexo evidente disso, o imperialismo já não consegue sustentar o seu próprio sistema que, ao que tudo indica, encontra-se em uma crise terminal.