De acordo com matéria publicada na Folha de S. Paulo na última sexta-feir, a escassez de energia elétrica apresenta um grande risco para a produção econômica brasileira de 2022. A notícia vem logo após a divulgação de que o PIB nacional encolheu 0,1% no segundo semestre deste ano.
As tarifas de energia elétrica aumentam desde o início de 2021, mas atingiram um novo patamar no mês de julho. Em relação a julho do ano passado, houve um aumento de 20,09% no preço da energia elétrica residencial. Mas essa é apenas uma parte do problema causado por escassez de eletricidade. Todo o setor produtivo da economia, indústrias e o próprio agronegócio, dependem de energia para a fabricação e o transporte de seus produtos. Um aumento no seu custo será diretamente repassado para as prateleiras dos supermercados onde os produtos já se encontram caríssimos.
De dezembro de 2020 até o início de setembro, o preço do café aumentou quase que 80%, enquanto o açúcar subiu 28% e alimentos básicos, como o milho, saltaram 20%. Preços que não param de subir somados aos altos índices de desemprego anunciam uma profunda crise. É o resultado do golpe de Estado que levou o Brasil de volta à época de Fernando Henrique Cardoso, quando havia no País mais de 50 milhões de famintos e blecautes em escala nacional eram uma realidade.
A única política do governo de Jair Bolsonaro para a crise é induzir um racionamento voluntário para a população que já atravessa uma situação muito difícil. O governo brasileiro não interferirá um milímetro nos interesses dos monopólios de energia – que, em breve, aumentarão seu poder com a autorização da privatização da Eletrobrás -, mas estes são os verdadeiros culpados pela situação calamitosa para a qual caminha a economia brasileira.
De acordo com denúncia do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), com base em dados públicos do Operador Nacional do Sistema (ONS), a crise hídrica pode ter sido causada, no melhor das hipóteses, por omissão das operadoras de energia e, na pior delas, em nome de seus próprios interesses. “Os reservatórios foram esvaziados sem que houvesse necessidade de atender a um aumento na demanda, uma vez que ela diminuiu“, declarou a coordenação do movimento se referindo ao período da pandemia, quando naturalmente a demanda por energia elétrica era menor.
Ainda, segundo Vicente Abreu, estatístico da Unicamp e ex-presidente da Agência Nacional das Águas, “é uma falsificação estatística” que o Brasil atravesse a pior seca dos últimos 91 anos. O especialista disse à Câmara dos Deputados no último dia 16 que “os reservatórios esvaziados justificam uma explosão da tarifa com bandeira vermelha, o que garante lucros muito interessantes para o setor [energético]”. A tese é sustentada pelo fato de que o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano foi o quarto melhor da última década. Dessa maneira, fica claro que o problema da falta de energia é um resultado direto do golpe de estado e não um mero fator “natural”, os golpistas estão destruindo a economia, os empregos, esmagando a população e agora acabando com a energia.