A pandemia mundial do novo coronavírus aprofundou de maneira drástica a crise econômica mundial. Ao contrário do que querem fazer crer os governos e a imprensa capitalista, a pandemia, que não é o fator fundamental da crise, mas aprofundou a recessão econômica, o desemprego e o aumento das dívidas públicas, que já se encontravam em índices alarmantes antes da pandemia.
No Brasil, a pandemia também agravou uma situação que já era crítica para os trabalhadores. Os índices estratoféricos de desempregro e de subemprego levaram o país à uma situação inédita: há mais trabalhadores sem carteira de trabalho assinada do que trabalhadores empregados formamelnte. A perda do poder de compra dos salários, o aumento da inflação, o aumento da miséria, o aumento da fome e do número de moradores de rua levaram o país para uma situação insustentável.
Nesse situação de profunda crise social, um setor não foi afetado: os banqueiros. Pelo contrário, tiveram enormes ganhos durante a pandemia. Não apenas pelo aumento do endividamento dos trabalhadores e empresas, mas também pelo aumento da dívida pública que levou ao aumento do rendimento desse setor pelo pagamento de juros.
O percentual de vencimentos da dívida pública federal para os próximos 12 meses saltou a 26,03% em setembro, sobre 21,65% em agosto, e está no maior patamar desde setembro de 2014, segundo o Tesouro Nacional. O aumento do endividamento federal teria ocorrido, segundo o órgão, pela necessidade de aumentar as despesas do governos com a venda de títulos da dívida públicas mais longos e com maior premiação para os investidores.
Apenas no mês de setembro, a dívida pública federal do Brasil subiu 2,59% sobre agosto, a 4,527 trilhões de reais, em mais um mês marcado por forte volume de emissões.
Para piorar ainda mais a situação de submissão aos bancos, o governo Bolsonaro acabou de contratar novos impréstimos internacionais, pela primeira vez em mais de dez anos. Foram feitos empréstimos pelo Banco Mundial (US$ 1 bilhão), assim como pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) (US$ 1 bilhão); Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (US$ 1 bilhão); Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (US$ 1 bilhão); KfW Entwicklungsbank (US$ 420 milhões); Corporação Andina de Fomento (US$ 350 milhões); e a Agência Francesa de Desenvolvimento (US$ 240 milhões). Os valores totais dos empréstimos chegam a mais de R$ 20 bilhões (US$ 4,1 bilhões) e seriam para cobrir os custos com o pagamento do bolsa-família, seguro-desemprego e a compensação financeira que paga parte dos salários diminuídos pelas empresas. Ou seja, Bolsonaro e Paulo Guedes que distribuíram recursos federais para as grandes empresas e bancos, agora afundam o Estado nacional em dívidas com bancos internacionais, tal como ocorreu durante a Ditadura Militar e no governo pró-imperialista de Fernando Henrique Cardoso.
Os bancos anunciaram um lucro superior a R$40 bilhões, apenas no primeiro semestre de 2020, mas esse lucro na verdade foi muito maior, pois está diminuído das exageradas provisões que fizeram. Os ganhos dos bancos podem ser superiores a R$ 65 bilhões no primeiro semestre.
Esse lucro é o resultado dos privilégios concedidos ao setor, que recebeu pacote de liquidez de R$1,2 trilhão no dia 23/3/2020 e não emprestou o dinheiro, passando a lucrar ainda mais com a remuneração da sobra de caixa, feita diariamente e com toda generosidade pelo Banco Central aos bancos.
O pagamento da dívida pública é apenas e tão somente um mecanismo de transferência da verba pública, arrecadada pelos impostos, para os bancos (os maiores detentores dos papéis). As três esferas do poder executivo (governo federal, estaduais e municipais) entregam boa parte do seu orçamento (muitas vezes chegando à metade do valor anual) para os bancos. O dinheiro que deveria ser utilizado para a saúde pública, educação pública, assistência social, obras públicas etc é simplismente distribuído para o setor mais abastardo e parasita da economia nacional.
São esses mesmos bancos que apoiaram o golpe de Estado de 2016, apoiaram a candidatura de Jair Bolsonaro através da confiança do “seu funcionário” no Ministério da Fazenda, o banqueiro Paulo Guedes. São os bancos também que pressionam pelo ajuste fiscal, pelas reformas neoliberais e pelas privatizações. Medidas que servem para fazer todo o país trabalhar em função dos seu altos rendimentos, enquanto são destruídos os serviços públicos, são destruídos os direitos dos trabalhadores e entregues as riquezas nacionais.