A decadência do sistema capitalista, que impõe o empobrecimento da maior parte da população mundial para que o lucro da burguesia não seja diminuído, vem aumentando vertiginosamente as contradições em todo o mundo.
O caminho para a extinção da classe média é um sintoma claro dessa decadência. No Brasil, podemos observar esse fenômeno através da observação dos dados do Instituto Locomotiva, que tem como base os estudos realizados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Após o golpe de estado essa diminuição vem acelerando ainda mais.
No ano de 2011, a classe média brasileira representava 54% da população, caiu para 51% em 2020 e 47% em 2021. Consequentemente, a classe baixa, em 2010, correspondia a 38% dos brasileiros, 43% em 2020 e no, ano seguinte, 47%. Em números, a classe média entre 2020 e 2021 diminuiu de 105 para 100,1 milhões, aumentando a classe baixa em 4,9 milhões.
De acordo com a pesquisa produzida pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) em parceria com o Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), a classe média alta das regiões metropolitanas do Brasil também sofreu queda em sua renda per capita. No terceiro trimestre de 2020 era de R$ 6.967 e, no mesmo período do ano seguinte, foi para R$ 6.411, diminuindo em 8%.
As políticas agressivas neoliberais impostas pelo imperialismo mundial, principalmente o norte-americano, visando a privatização do serviço público através do autoritarismo político, em detrimento da política também burguesa do chamado “bem-estar social”, aparece de maneira prática a partir da década de 1970 ao redor do mundo.
Essa base ideológica para um capitalismo já em crise foi consolidada pela chamada Escola de Economia da Universidade de Chicago, que buscava minimizar o poder estatal para que a economia fosse regulada pelos grandes capitalistas somente. Para isso, seria necessário o empobrecimento da maioria da população, que passaria a ter que pagar por serviços básicos que deveriam ser providos pelo estado e teriam seus salários diminuídos uma vez que a burguesia assim decidisse.
O autoritarismo político era então necessário para levar adiante essa política criminosa. A ditadura sanguinária de Augusto Pinochet no Chile foi a precursora desta nova solução, seguiram o exemplo do ditador notórios inimigos do povo, como Margareth Thatcher, no Reino Unido, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
No Brasil, os momentos mais dramáticos da política neoliberal estiveram em dois momentos atuais: no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e após o golpe de estado de 2016 com o governo de Michel Temer (PMDB), período que, segundo os dados analisados, tivemos a consolidação da diminuição da classe média brasileira.
O aumento da polarização da sociedade entre pobres e ricos contribui para o acirramento das contradições sociais: acumula-se muita pobreza de um lado e muita riqueza de outro.
De acordo com a doutrina marxista, em todas as sociedades, as contradições sociais são reforçadas até que estas levem a uma situação revolucionária inevitável que termina por acabar com a base econômica em decadência. Para tal, acirrasse a diferenciação entre classes opostas, que entram, cada vez mais, em confrontos diretos. Nesse sentido, os dados em questão mostram exatamente este quadro com a diminuição da classe média, que ocupa um papel vacilante na política.
Temos então no Brasil um terreno fértil para a radicalização popular, é necessário levar a política marxista para a população para encurralarmos os verdadeiros inimigos de nosso povo e por fim superar o capitalismo em ruínas e caminharmos para o futuro socialista.