Enquanto a China começa a retomar suas atividades econômicas, em ritmo menor que antes, a instabilidade econômica capitalista global acirra as disputas comerciais e ameaça ainda mais a liderança norte-americana. Diante da fragilidade dos Estados Unidos da América do norte em reagir diante da crise sanitária, a China é vista cada vez mais como a grande protagonista mundial. A ex-secretária de comércio exterior no Brasil e conselheira sênior do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Tatiana Prazeres, afirma que “a China está ocupando um espaço gerado pela retração dos americanos” (BBC, 3/5/20). Isso acelera todos os planos chineses, que no XIX Congresso do Partido Comunista, em 2017, tratava dos planos para se tornar líder global só em 2050 (Infomoney, 17/10/17).
Apesar de se verificar na imprensa internacional um certo otimismo nos últimos dias com algumas notícias de vacinas e medicamentos e o fim do contágio comunitário (local) em países como a Nova Zelândia (Agência Brasil, 30/4/20), analistas internacionais não conseguem chegar a um denominador comum sobre as previsões, na maioria chutes, de como a economia mundial se comportará nos próximos meses. Há várias questões ainda no ar, tanto em relação à pandemia do Covid-19, como se haverá novo surto, se os que apresentam cura podem pegar novamente a doença, ou se as vacinas terão efeito em todas as situações; como em relação ao comportamento da economia, que já estava em crise mesmo antes do coronavírus aparecer. Alguns economistas ainda falavam que o capitalismo não tinha superado a crise de 2008 e outros que uma nova crise se avizinhava, com indicadores catastróficos (BBC, 2/2/19).
No Brasil
Pode até ser que em vários países a crise da pandemia esteja passando, mas no Brasil, todos os analistas indicam que ela ainda não atingiu seu patamar mais dramático. Muitas mortes ainda virão e atingirão os mais pobres.
Todos os dias os jornais anunciam, com base no comportamento dos casos recentes, para os dias ou semanas seguintes a explosão de mortes. Isso porque o governo federal e seus apoiadores fascistas ainda são vistos como os principais incentivadores da propagação do coronavírus. Em vários estados os sistemas de saúde já estão colapsando. Só o Consórcio Nordeste, formado por 9 governadores da região Nordeste, é que apresenta algo novo, com a aprovação das Brigadas de Saúde, formadas por médicos cubanos e brasileiros que serão contratados por governos estaduais para agir nos focos e visitar residências (Brasil de Fato, 29/4/20).
O Banco Central, em seu Boletim Focus, divulgou nesta segunda-feira, a estimativa das principais instituições financeiras para o comportamento do PIB. Na semana anterior a previsão era de uma queda de 3,34%, nesta semana a projeção é de uma queda de 3,76%. Também estimam que o PIB no ano que vem terá um crescimento de 3,20% (Agência Brasil, 4/5/20).
É importante se observar que esses números não são fruto de nenhum estudo da economia real e do comportamento efetivo dos mercados, mas uma estimativa derivada da posição de alguns agentes financeiros consultados pelo Banco Central. Uma mistura de alta dose de subjetividade, com os desejos dos agentes financeiros e um certo jogo de expectativas que faz parte do mercado financeiro.
A economia real continua em crise, com empresas fechando e fábricas paradas. O desemprego continua crescendo e os salários caindo. Quer por ação direta dos capitalistas que demitiram e continuam demitindo em massa, quer por ação do governo e do Congresso Nacional que vai aprovar nesta semana a Medida Provisória 939, que permite a redução de jornada e de salários em até 70% (Valor, 4/5/20). Os trabalhadores continuam pagando o preço da crise e os capitalistas e banqueiros, continuam pedindo mais e mais dinheiro dos cofres públicos.