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Crise capitalista

A economia é o motor da instabilidade do governo Bolsonaro

Sem conseguir equacionar todas as nuances da situação econômica, com centenas de milhares de mortos e dezenas de milhões de desempregados, o governo segue com uma chaga aberta

Os resultados do genocídio e da destruição da economia nacional não são uma fatalidade, mas uma política do governo golpista, imposta pela burguesia imperialista e seu apêndice nacional. No entanto, Bolsonaro vem enfrentando dificuldades em aplicar integralmente este programa, devido a não conseguir dar uma resposta que solucione a grave crise numa economia que se mantém em queda livre em inúmeros indicadores, do PIB ao desemprego.

Desemprego

Rumo aos 160 mil mortos, o governo Bolsonaro levou o país a 14% de desempregados. Na última sexta (23), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou em sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-COVID), que o país atingira a marca de 13,5 milhões de desempregados em setembro. Recorde da série histórica, o aumento é de mais de 33% desde maio (primeiro trimestre que já trouxe dados após a pandemia).

Fonte: Sítio do IBGE na internet. https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php

Mas não é só isso. O IBGE, em sua pesquisa PNAD-COVID, mostrou que a população ocupada (empregados, empregadores, trabalhadores por conta própria, servidores) era de 85,9 milhões no trimestre até maio. Isto representava uma queda de 8,3% frente aos três meses anteriores. O detalhe é que este número é menos da metade do total da população em idade para trabalhar (maior de 14 anos), sendo o pior resultado da série histórica, iniciada em 2012.

Este dado fica subnotificado porque o IBGE não considera todas as pessoas que estão sem trabalho como desempregadas. A categoria que o Instituto classifica como desalentados, por exemplo, pessoas que pararam de procurar emprego, não entra na taxa de desemprego. Portanto, a taxa oficial de desemprego, que foi divulgada esta semana como 14%, não corresponde a todos os milhões de brasileiros, que apesar de não se encaixarem nos critérios do desemprego do IBGE, estão sem renda e sem condições mínimas de sobrevivência.

Em outras palavras, o governo golpista levou o Brasil, pela primeira vez, a ter mais desocupados do que ocupados.

Inflação

Segundo dados do IBGE, o País chegou ao pior resultado o índice de inflação medido pelo IPCA desde 2003, quando os resultados refletiam o último ano do governo neoliberal de FHC (PSDB), quando o índice apurado foi de 0,73%. Isto quer dizer que enquanto o governo aprova medidas para redução do salário, como a reforma trabalhista e a MP 936 (redução da jornada e do salário), os preços sobem. Logo, o trabalhador perde 2 vezes e vê seu poder de compra reduzido a comprar no máximo os alimentos básicos. Dado que fica claro no fato do auxílio emergencial ter sido utilizado na maior parte dos casos para comprar comida, como apontou a própria imprensa burguesa.

É neste sentido que a burguesia se mantém atenta ao indicador, que está sempre diretamente relacionado com a latência da mobilização popular em curso. Quanto maior a inflação, mais se deterioram as condições de vida dos trabalhadores, que tendem a se levantar contra tal condição de miserabilidade.

Fuga de Capitais

Outra dado que revela a crise da economia nacional é o fato dos capitalistas estarem retirando seus recursos do país e investindo em outros lugares do mundo, para preservar seu patrimônio diante das incertezas da economia brasileira.

O governo estima que desde o início da pandemia, 88 bilhões de reais teriam sido retirados do País, o que representa o dobro do ano passado! Isto considerando que ainda faltam mais de 2 meses para o fim do ano. É um sinal claro da burguesia de que a situação política no Brasil não vai nada bem. Um alerta dos capitalistas para os próprios capitalistas.

Um governo sem coesão

Resultado direto do golpe de Estado de 2016 e da fraude eleitoral de 2018, o governo Bolsonaro assumiu com a tarefa de manter o programa de terra arrasada dos golpistas iniciado com Temer (MDB). Manteve toda a política econômica de Temer, fatiando estatais para entregá-las de mão beijada ao capital estrangeiro, destruindo a economia nacional e abrindo os cofres públicos para os banqueiros sob o pretexto da pandemia e de “salvar a economia”, leia-se salvar os capitalistas.

Porém, se por um lado o governo tinha o mesmo programa, sua composição tão improvisada ou mais que a do próprio governo Temer, fez com que houvesse uma dificuldade muito maior para a implementação do mesmo programa. O próprio PSDB chegou a fazer chacota do governo Bolsonaro ao dizer que o ministro da economia, Paulo Guedes, “só vendeu ilusão”, mas nenhuma estatal. De outro lado, a dificuldade do governo em promover as reformas e o programa neoliberal dos banqueiros, expressou a divergência interna que se desenvolvia e que ficou marcada pelos conflitos da Economia com a Casa Civil e da disputa pelo orçamento público, o que fez com que o governo tivesse ficado paralisado ou debilitado numa série de medidas, como a aprovação da reforma da previdência ou a discussão da reforma tributária.

Sem conseguir equacionar todas essas nuances da situação econômica, com centenas de milhares de mortos e dezenas de milhões de desempregados, o governo segue com uma chaga aberta, que impede de executar tudo o que a burguesia o elegeu para fazer. É esta contradição na qual se abre todas as possibilidades de intervenção dos trabalhadores na situação política, pois, apesar de todo o teatro de extrema direita e da direita, a burguesia não pode resolver a situação econômica com discurso. É preciso superar os problemas concretos trazidos pela crise, a disputa se será pela esquerda, atendendo os interesses dos trabalhadores, ou pela direita, com a burguesia impondo uma derrota ainda maior ao povo brasileiro.

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