A esquerda promotora da política de Frente Ampla, que significa a aliança com os partidos da direita golpista (PSDB, MDB, DEM) e os movimentos golpistas (MBL, Vem Pra Rua) travestidos de “democráticos”, “civilizados”, “antifascistas” e de “oposição ao governo Bolsonaro”, procurou sabotar o ato do dia 02 de outubro em Florianópolis.
Através de um comunicado enviado pelo Whatsapp, a “Operativa” da Frente Fora Bolsonaro de Florianópolis, composta pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), desmarcou o ato e o transferiu arbitrariamente para o dia 16 de outubro.
A justificativa para desmobilização era a previsão de chuva para o período da tarde. Seria cômico se não fosse trágico. A mensagem dizia textualmente: “A Frente Fora Bolsonaro de Florianópolis e Região comunica o adiamento do ato planejado para este sábado, 2 de outubro, devido à previsão de chuvas para esta tarde. Pensando os cuidados com a militância e a representatividade, adiamos o ATO PARA O DIA 16 DE OUTUBRO”. Por 10 votos a 9, num regime de votação secreto, foi aprovado o cancelamento do ato.
Os militantes do Partido da Causa Operária (PCO), Partido dos Trabalhadores (PT), dos Comitês de Luta e do Coletivo Lula Presidente não aceitaram a manobra e mantiveram a mobilização para aquele dia, de forma a cumprir com o calendário nacional deliberado e publicado pela Frente Nacional Fora Bolsonaro.
É importante recordar que as organizações da “Operativa” expulsaram, através de manobras e uma votação fraudulenta, método típico de centro acadêmico, o PCO das reuniões do movimento Fora Bolsonaro em Santa Catarina. A ofensiva contra o PCO é uma necessidade para expurgar os atos das forças mais combativas e conscientes e, a partir disso, avançar com a infiltração da direita golpista no movimento em prol da Frente Ampla. Isto tem acontecido em diversos locais do Brasil e as mesmas forças políticas da esquerda pequeno-burguesa são as responsáveis.
No entanto, o tiro da esquerda pequeno-burguesa frenteamplista saiu pela culatra. O ato na capital catarinense foi um dos maiores e mais combativos até o momento. O presidente estadual da CUT de Santa Catarina, sindicatos cutistas e até mesmo partidos que votaram pelo cancelamento do ato – como o PDT – marcaram presença. Segundo um relato de um militante do PCO, este foi o 2º maior ato realizado em Florianópolis, perdendo somente para o ato do dia 29 de maio.
O ato em Florianópolis foi bastante radicalizado, de cor predominantemente vermelha. No carro de som se ouviram diversas falas que atacavam diretamente a Frente Ampla, até mesmo por partidos que são adeptos dessa política. A direita não participou e não falou no carro de som. A atitude intransigente do PCO em defesa da mobilização popular e contra a aliança com a direita, que lhe rendeu a expulsão da Frente, angariou a simpatia dos manifestantes. O Bloco Vermelho era o maior e mais organizado do ato, as pessoas procuravam o PCO e as pessoas tiravam fotos com a bandeira e compravam os materiais.
O fiasco da manobra para destruir o ato realizada pelo PCdoB, PSOL e PDT resultou na abertura da discussão sobre a reincorporação do PCO à direção da Frente Fora Bolsonaro de Florianópolis. É uma incoerência que o partido político que se destaca pela combatividade e pela vontade de levar a luta até as últimas consequências, defendendo-a de todas as tentativas de desmobilização, não esteja presente na direção do movimento.
É de suma importância defender a mobilização de rua e denunciar a política da Frente Ampla, que estimula a infiltração da direita golpista para sequestrar os atos e desfigurá-los de seu caráter de classe. A presença da militância dos partidos de esquerda (PT, PCO), da CUT e seus sindicatos (metalúrgicos, bancários, professores, petroleiros, servidores públicos) e dos movimentos populares (MST, CMP) representa uma barreira objetiva contra a infiltração dos direitistas.
A luta contra a Frente Ampla é uma política estratégica no atual período da luta de classes em curso no País. A infiltração direitista nas mobilizações tem por objetivo a gestação de um novo Junho de 2013, quando as mobilizações pela redução da tarifa de ônibus e contra a violência policial do PSDB foram transformadas em atos “contra a corrupção”, pelo “Fora PT” e de cor verde e amarela. A expulsão do PT pela força da Avenida Paulista representa a concretização da política de sequestro da direita.