Dois atos na terça-feira (13), em São Paulo, expressaram a tendência a um crescimento da mobilização dos trabalhadores contra os ataques que a burguesia e seus governos direitistas vêm desferindo contra os servidores e o conjunto dos trabalhadores. O que se somam a outros acontecimentos – como a greve de duas semanas da GM de São Caetano do Sul (SP) -, que mostram, ainda que de forma embrionária, uma tendência geral do movimento operário assumir um papel importante na situação política, em meio a um agravamento da crise econômica (inflação etc.).
Contra a “terceira via”
Milhares de servidores, em sua maioria trabalhadores da Educação (professores e, secundariamente, funcionários) compareceram à frente da Câmara Municipal de São Paulo, depois que muitos paralisaram suas atividades, na rede municipal de Educação paulistana para protestar contra a Proposta de Emenda à Lei Orgânica (PLO) nº 07/21, que – dentre outras medidas – amplia o tempo para a aposentadoria e obriga aposentados que ganham a partir de um salário mínimo a contribuir com 14% para a previdência municipal, e um pacotão de maldades do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Além da luta pela retirada do PLO 07/21, os manifestantes deliberaram ampliar a mobilização também para reivindicar reajuste salarial e reposição da inflação nos salários, aposentadorias, nos Vales Refeição e Alimentação e a valorização das carreiras do Nível Básico e Médio.
Ao mesmo tempo, há poucos quilômetros dali, na Assembleia Legislativa de São Paulo, algumas centenas de servidores (e os professores da APEOESP em maioria), pela quinta semana consecutiva, manifestavam contra a “reforma” administrativa de Doria (PSDB) que pretende reduzir salários (transformando uma parte da remuneração em Bônus), quebrar a isonomia salarial (salário igual por trabalho igual) do funcionalismo e impor outras medidas contra o funcionalismo e o serviços públicos em geral.
Nos dois casos, municipal e estadual, os trabalhadores se enfrentam com os governos e partidos empenhados na construção da chamada “terceira via” e que procuram se passar por “oposição” ao governo Bolsonaro, apesar de apoiarem todos os seus ataques contra os trabalhadores e de “aprimorarem” tais ataques (como nos casos das “reformas” da Previdência e administrativa) nos Estados e Municípios.
Parar o funcionalismo e ganhar as ruas
Ainda que as direções desses movimentos apontem no sentido da ilusão de que os parlamentares reverterão, por vontade própria (e alguma “pressão” da esquerda parlamentar e dos sindicalistas) a situação, o que significa adotar a mesma política de derrotas dos últimos anos, a presença expressiva dos trabalhadores nas ruas e a tendência de luta, em um momento de agravamento da crise e de aumento da polarização política aponta em um sentido oposto ao da submissão à política da direita e da esquerda pequeno-burguesa, o que deve ser explorado por um intenso trabalho de agitação política e propaganda, nessas e outras categorias, principalmente a partir da mobilização dos setores classistas, com materiais próprios, além da cobrança sobre as direções sindicais para que abandonem a paralisia, a “quarentena”, em que se lançaram há mais de um ano, e convoquem a mobilização, incluindo a realização de assembleias presenciais, organização de comandos de greve etc.
Nas duas atividades de São Paulo, por exemplo, foram distribuídos mais de dois mil boletins de Educadores em Luta, defendendo a greve, a unificação da mobilização dos servidores e uma proposta divulgada pela corrente foi encaminhada pela diretoria da APEOESP: convocação de uma assembleia geral presencial dos professores estaduais, na próxima semana, o que abre caminho para que as maiores categorias de servidores estaduais e municipais do País, se coloquem em luta, simultaneamente de forma mais ampla do que vem ocorrendo até o momento.