Na semana passada, mais duas crianças foram vítimas da Polícia Militar, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Emilly Victoria, de 4 anos e Rebeca Beatriz, de 7 anos, foram baleadas na comunidade de Santo Antônio, na porta de casa. O caso trouxe mais uma vez à tona a brutalidade da polícia contra a população e se soma ao altíssimo número de crianças assassinadas pela PM nesse ano.
De acordo com dados da plataforma Fogo Cruzado enviados ao Brasil de Fato, no Rio de Janeiro, durante o ano de 2020, 22 crianças foram baleadas, oito morreram e quatro alvejadas em troca de tiros. No ano passado, foram 24 crianças baleadas, 7 morreram e 5 alvejadas. As vítimas, nesses casos, são quase em sua totalidade negros e pobres, como Emilly e Rebeca.
A PM do Rio, mesmo durante a pandemia continuou atuando na repressão contra a população. Nos primeiros 5 meses desse ano, a PM já contabilizava 741 mortes, o maior número registrado nos últimos 22 anos. O número equivale a quase 5 pessoas mortas por dia. Em 2019, foram 1546 mortos pela polícia (contando os 10 primeiros meses) e em 2018 foram 1.534 mortos.
No mesmo ano de 2019, dados apontavam que 78% desses mortos pela PM eram negros e pardos. Nesse ano, não houve diminuição nem durante o período da pandemia, onde o judiciário havia definido que as intervenções da polícia em favelas estariam suspensas, porém a medida foi derrubada pouco depois.
A função da Polícia Militar é reprimir a população e servir como um braço armado do Estado para garantir o domínio da burguesia. É um órgão fascista, precisa mais do que nunca ser extinta e ser substituída por comitês populares de autodefesa, com atuação nos bairros e nas comunidades da classe trabalhadora.
A polícia não pode ser reformada e nem adianta desmilitarizá-la, pois seu papel é justamente esse: reprimir a população. Os alvos da PM são muito bem delimitados, um dado histórico e de incontestável componente classista, tendo a população preta e pobre como a maioria esmagadora das vítimas.
A população deve se mobilizar para extinguir essa instituição e não aceitar nenhuma medida paliativa. Não apenas por ser uma odiosa máquina de massacre em escala industrial mas principalmente pelo papel político desempenhado, de levar adiante um regime de terror contra as massas.
É preciso ainda superar o pacifismo estéril, que em nada beneficiou a classe trabalhadora, apenas deu segurança à PM em relação a uma eventual retaliação popular. Nesse sentido, incluir nas mobilizações populares a luta pelo direito ao armamento, irrestrito, configura-se como um aspecto central para a libertação da classe trabalhadora, contra os horrores da repressão policial.