No último dia 17, quarta-feira, o supermercado Carrefour em São Paulo foi saqueado pela população. Meros dois dias depois, no dia 19, sexta-feira, em Taboão da Serra, outro saque a supermercado ocorreu, dessa vez na rede Extra. Em ambos os casos, dezenas de pessoas entraram nos mercados e levaram diversos produtos, especialmente eletrônicos, como celulares e televisões.
A direita, percebendo o grau de explosividade da situação política, já nem mesmo consegue condenar aberta e completamente os saques aos mercados, em face da situação ampla de miséria, fome e desemprego dos trabalhadores. A campanha direitista se baseia agora numa demagogia, dizendo que as pessoas que estão saqueando não necessariamente estão em situação de penúria, pois que estão roubando celulares e eletrônicos, e não alimentos. Uma clara falsificação, puramente moralista, pois a pessoa que rouba em situação de miserabilidade naturalmente que irá roubar aquilo que tenha maior valor, que consiga garantir um maior sustento.
Seguem fotos do ocorrido:
A situação de tal forma se apresenta que nem mesmo o apresentador reacionário, Datena, conseguiu condenar totalmente os saques. O auxílio emergencial de 250 reais é apresentado mesmo pela grande imprensa como uma farsa total, que não seria nem capaz de mitigar a fome. Os argumentos apresentados contra os saques se mostram claro malabarismo argumentativo. De fato, a gravidade da situação — e esses últimos casos que demonstram a disposição da população de perder a esportiva — colocou a direita numa defensiva. O país hoje está um barril de pólvora, que a cada vez mais aparece como prestes a detonar.
Realmente, a tendência é de aumento e generalização de saques por todo o país, a condição de miséria absoluta que se abate sobre a população força isso. O regime golpista e sua política de terra arrasada destruiu o mercado de trabalho brasileiro completamente, extinguindo os empregos, estrangulando os salários e, ainda por cima, elevando vertiginosamente os preços sobre todo tipo de produtos, e especificamente os da cesta básica. A questão da pandemia intensifica a calamidade que já estaria colocada pela política econômica do golpe de Estado.
Como resposta à completa falência do regime político golpista, a direita apresenta medidas inócuas, como o auxílio emergencial extremamente reduzido, sobre um valor que já era insuficiente quando de 600 reais e repressão, com a polícia militar intensificando a repressão e as chacinas nas periferias, e as forças armadas se preparando para estabelecer um estado de sítio no país.
O papel da esquerda, no cenário que se coloca, é o de apresentar uma saída real para a situação política, é organizar para que a explosão social se direcione contra os alvos corretos, e a classe operária possa fazer avançar sua política. No momento, a questão é mobilizar contra as viúvas da ditadura e o levantar de cabeça da extrema-direita e das forças armadas, e a defesa da derrubada do regime golpista de conjunto e sua substituição por um governo de fato dos trabalhadores. Expulsar das ruas a extrema-direita! Ditadura nunca mais! Fora Bolsonaro e todos os golpistas! Lula presidente! Por um governo dos trabalhadores!