No final da manhã de ontem (1º), quatro militantes do Partido da Causa Operária (PCO) foram presos no Rio de Janeiro. Todos eles estavam em um ato convocado pelo Partido em frente ao consulado russo no Rio de Janeiro. A manifestação tinha como objetivo demonstrar apoio à Rússia e protestar contra a OTAN.
Os companheiros foram presos após uma provocação do MBL que, ao que tudo indica, foi orquestrada junto com a polícia. Após quatro horas na delegacia, todos foram liberados. Um deles, no entanto, terá de se reapresentar à Justiça nos próximos dias.
Um dos quatro militantes presos foi o companheiro Luan Monteiro. Em entrevista exclusiva a este Diário, ele conta como aconteceu tudo.
Diário Causa Operária — Vocês já sabiam que o MBL apareceriam no ato?
Luan Monteiro — A gente não sabia se iam aparecer, mas tínhamos a suspeita de que poderia haver um confronto.
DCO — Como tudo começou?
LM — O entrevero começou antes do ato propriamente dito começar. Chegamos por volta das 10h45, mas o MBL já estava lá, gravando vídeos e tentando intimidar os presentes. Nós começamos a responder às provocações e expulsamos dois direitistas de lá.
DCO — Mas eles não foram embora de vez, não é?
LM — Não, pelo contrário. Eles trouxeram mais gente e a coisa foi tomando um ar de confronto. Naquele momento, o MBL estava em oito e nós, cerca de quinze. Foi aí que apareceu a polícia, que até então não estava no local. Por isso achamos que a operação foi feita em conjunto, o MBL e a polícia.
DCO — Por que, no conflito, apenas os militantes do PCO acabaram presos?
LM — O confronto se transformou em uma briga de rua comum, um agredindo e o outro revidando. Depois de um companheiro nosso, Heinrick, ter reagido às provocações de um dos fascistas, um grupo do MBL se reuniu e foi até a polícia se queixar de que ele, Heinrick, teria agredido os membros do MBL. O mais absurdo disso tudo é que ele é um jovem franzino, de apenas 16 anos. A confusão continuou e, finalmente, a polícia levou Heinrick, eu mesmo e os companheiros Vinicius e Caetano.
DCO — E como foi na delegacia?
LM — Ficamos aguardando um longo período, pois os fascistas do MBL foram antes ao IML (Instituto Médico Legal) para fazer o exame de corpo de delito. Eu, Vinicius e Caetano fomos logo liberados. Heinrick, no entanto, terá de se reapresentar até sexta-feira. Ele foi enquadrado no artigo 129 do Código Penal (ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem), porém não irá ser processado por ser menor de idade.
O ato do Rio de Janeiro fez parte de um dia nacional de mobilização em defesa da ação militar russa. São Paulo, Brasília, Minas Gerais e Rio Grande do Sul também tiveram manifestações, no mesmo dia, organizadas pelo PCO em apoio à Rússia.