No início deste ano, sob o pretexto de que seria necessário evitar aglomerações, foi proibido o carnaval de rua em praticamente todas as partes do País. Em seguida, essa mesma demagogia foi completamente desmascarada quando uma semana depois, prefeitos e governadores “derrubaram as máscaras”, ou seja, a exigência do uso de máscaras tanto em lugares abertos quanto em lugares fechados. Agora, a burguesia tenta emplacar uma nova manobra para atacar a festa mais popular do Brasil.
Já na época em que havia sido decidido cancelar a festa oficial de carnaval, havia sido combinado entre as prefeituras de São Paulo e Rio de Janeiro que os desfiles das escolas de samba ocorreriam em abril, durante o feriado de Tiradentes. Esse adiamento até então não se estendia aos blocos de carnaval de rua, que haviam ficado realmente proibidos acontecer esse ano.
Com a farsa da desculpa do perigo de aglomeração vindo à tona, tanto por conta das máscaras, como também por conta das festas privadas que puderam acontecer tranquilamente no feriado de carnaval de 2022; vários blocos e coletivos exigiram o direito de, assim como as escolas de samba, fazerem o seu carnaval no feriado de abril.
Eis que a solução encontrada pela prefeitura de São Paulo, anunciada como “carnaval de rua” na coluna de Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo, trata-se, na verdade, de um “Carnaval Misto”, meio público e meio privado. A rigor, nem se trata de um carnaval de rua, mas simplesmente de um carnaval ao ar livre.
O carnaval “de rua” da cidade de São Paulo, em abril, ocorrerá no Parque Ibirapuera e Vale do Anhangabaú, em um espaço cercado e controlado por seguranças que só deixarão passar quem apresentar o comprovante de vacinação e ingressos que serão disponibilizados pela plataforma Sympla. Isso no caso da festa do parque Ibirapuera, onde se apresentarão famosos como Elba Ramalho, Chico César e Monobloco.
Assim como no parque, a festa do Vale do Anhangabaú, que foi privatizado pelo PSDB, onde estarão o Acadêmicos do Baixo Augusta e a escola de samba Vai-Vai, cobrará para aqueles que desejarem ingressar além da carteira de vacinação, a retirada de ingressos online e, além disso, terá lotação limitada definida pelos administradores privados do local.
No lugar do povo, aqueles os quais o carnaval brasileiro realmente pertence, veremos nessa versão gourmet de carnaval de rua oferecida pelo PSDB/DEM pequenos burgueses identitários, mauricinhos do baixo augusta e arredores.
É preciso rechaçar veemente este formato de festa que desconfigura completamente a espontaneidade natural e a tradição daquilo que conhecemos como carnaval de rua. Retira completamente o caráter popular da festa, impedindo que grande parte da população participe livremente da comemoração. É, nesse sentido, um ataque violento contra a cultura popular que promete entregar o carnaval às empresas e aos capitalistas.