Com o aumento da crise capitalista, agravada ainda mais pela pandemia da Covid-19, um enorme contingente de pessoas estão sendo obrigadas a morar nas ruas. Mas, não bastasse esse gravíssimo problema, boa parte daqueles que ainda têm um teto para se abrigar não possuem moradias que ofereçam condições dignas para que nelas se possa viver.
No Ceará, segundo dados do Ipece (Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará), o número de casas sem condições adequadas de moradia totalizam 75.872. Sendo que desse número 15.845 estão nas áreas urbanas e o restante, 60.027, nas áreas rurais. A maioria dessas casas é feita de taipa.
As construções de taipa, em si, não constituem um problema, trata-se uma técnica secular de construção que pode resultar em casas bastante confortáveis, mas para isso seria necessário que se tivesse acesso a bons materiais, a assistência técnica, e não que a população ficasse jogada à própria sorte, como vem acontecendo.
As casas mal construídas, devido a falta de recursos da população empobrecida, acumulam problemas tais como chão de terra batida, falta de instalações sanitárias, muitas vezes têm um pé-direito muito baixo e as paredes, sem reboco, ficam repletas de frestas que possibilitam o acúmulo de insetos como bicho barbeiro, transmissor da doença de chagas. No Ceará, dados de 2019, 20 mil pessoas foram diagnosticadas com esse mal e, pelo menos, outras 260 mil sequer sabem que contraíram a doença. O pior é saber que o mal de chagas foi descoberto há mais de um século, no entanto, a negligência estatal não dá um combate efetivo para erradicar a doença. Como se sabe, a qualidade da habitação tem um impacto muito importante na saúde pública, que também se deteriora a olhos vistos, pois os recursos estão cada vez mais escassos, são desviados para subsidiar o capital.
Não existe saída para acabar com o déficit de moradias, e moradias de qualidade, sem um plano nacional de construção de habitações. O maior entrave que temos atualmente é um governo golpista completamente comprometido em defender os interesses do grande capital nacional e internacional. A cada dia se acumulam ataques contra as condições de vida dos trabalhadores que, é bem verdade, começaram a sair às ruas. Agora, é preciso fortalecer essa luta, unificar os trabalhadores da cidade e do campo para botar abaixo esse governo ilegítimo. Outra tarefa do momento é combater os setores da esquerda que tentam frear e desmobilizar essa tendência combativa e revolucionária das massas.