Em linhas gerais, a presença da direita tal como a conhecemos nos atos da esquerda no Nordeste é mais complicada, especialmente por ser um reduto tradicional da esquerda, e do próprio ex-presidente Lula, que sempre obteve grande apoio na região.
De fato, essa realidade se impôs no último 2 de outubro nos estados daquela região. Foi predominante a palavra de ordem na defesa de Lula presidente, contra a direita e contra os golpistas.
Na Bahia, em Salvador, por exemplo, realizou-se um ato grande, maior que os atos anteriores, não o maior de todos, mas grande. Não teve nada de verde e amarelo, embora houvesse gente vendendo bandeira do Brasil muito barata. Mas nem isso ajudou a deixar o ato verde amarelo. A venda de bandeiras do Brasil nos atos da esquerda foi uma das iniciativas da direita para injetar o golpismo nas manifestações pelo fora Bolsonaro.
Partidos golpistas, como PSB e PDT, estavam em número reduzido, com blocos bem pequenos, com gente descaradamente paga para fazer o serviço, para estar ali na manifestação.
O PT estava com um bloco grande, e outro bloco grande da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que se juntou ao Bloco Vermelho. Também é preciso destacar a participação do bloco dos funcionários dos Correios, que estão ameaçados com a privatização promovida pelos golpistas. O próprio Bloco Vermelho foi um dos maiores blocos do ato e mais destacados, com bateria (a nacional bateria Zumbi dos Palmares), faixas, carro de som, para animar e aproximar o pessoal, os manifestantes, os ativistas.
No início do ato houve uma tentativa fracassada de não deixar abrirem a faixa fora Bolsonaro. Tentaram, mas não conseguiram. A faixa foi aberta, e foi um sucesso. Um ato predominantemente vermelho, sem nenhum golpista.
Em Recife (PE) o ato foi menor que o anterior, mas relativamente grande. O PSB contou com uma presença maior que nos atos anteriores, com carro de som próprio. Na manifestação, o destaque foi o Bloco Vermelho, que se juntou com o bloco do PT, formando um bloco maior ainda e consolidando a política de se colocar contra a direita, e com a palavra de ordem por Lula presidente.
Na Paraíba, em João Pessoa, o ato foi relativamente grande. Havia uma manobra anterior para tentar mandar o ato para locais desconhecidos, mas acabou que o ato ficou no centro da cidade, onde tem mais gente, onde tradicionalmente a esquerda realiza os atos públicos.
Nessa manifestação tentaram enfiar o carro de som do direitista Cidadania. Porém, diante da resistência do povo, não conseguiram. Na verdade, nem mesmo da reunião eles, os direitistas, conseguiram participar. A palavra de ordem Lula Presidente também estava muito presente nesta e em outras manifestações no Nordeste.
Na realidade, as manifestações não podem ser sequestradas pela direita e pelos golpistas, conforme as tentativas realizadas nas manifestações em São Paulo (SP), onde o próprio Ciro Gomes (PDT) tentou falar, mas foi vaiado. Ele e outros golpistas foram repudiados pela manifestação. Por outro lado, a defesa da reivindicação Lula Presidente ficou clara como forma de mobilização dos atos do último sábado, e essa é a lição fundamental neste momento.
