Com o acirramento da pandemia do coronavirus no Brasil, vimos o aprofundamento da crise econômica engendrada, principalmente, pela política neoliberal aplicada no País após o golpe de 2016.
Consequência direta desta crise, os índices de desemprego e de fome se equiparam àqueles do governo FHC, onde, na época, 1 criança brasileira morria de fome a cada 4 minutos. Em conjunto com o coronavirus, o resultado é devastador: mais de meio milhão de mortos, maior taxa de desemprego da história, e uma miséria cada vez mais crescente.
Prova disso é a mudança de público nos restaurantes do Bom Prato, rede que oferece refeições a até R$1,00 em São Paulo. Segundo José Airton, gerente do Bom Prato São Mateus:
“Continuamos servindo o mesmo número de refeições no almoço, total de 1.600, mas quem procura não são mais os comerciários da região, idosos ou pessoas em situação de rua. Começamos a perceber um crescimento de jovens e de desempregados”.
Além disso, Enéas Rodrigues de Oliveira, gerente do Bom Prato da Lapa, zona oeste, também relata à golpista Folha de S.Paulo que idosos se arriscavam no auge da pandemia, devido à insuficiência do valor de suas aposentadorias. Ademais, famílias que foram despejadas e passaram a morar nas ruas também compõem este novo grupo.
“Percebemos que, em vez de uma refeição, levam 2 ou 3, normalmente para uma criança ou um idoso que ficou em casa ou que tem alguma dificuldade de locomoção. Pela demanda seria necessário pelo menos mais um restaurante nessa região”, afirma Rodrigues.
Os relatos de verdadeira miséria são infindáveis dentre a classe operária brasileira. Julvanilda da Cruz Ferreira, de 62 anos, colocou que apenas a aposentadoria de um salário mínimo não tem conseguido pagar as suas despesas básicas e as da família do filho:
“Ele e a minha nora ficaram desempregados, com três crianças. Agora que o meu filho está voltando a trabalhar, mas eu levava almoço e janta daqui para casa todos os dias. Ainda levo o marmitex à noite para dividirmos […] A gente passa sem, mas as crianças pedem e nunca temos. Eles falam para irmos à feira comprar banana, laranja, uva e maçã. Não tem como. Está tudo muito caro […] A última vez que comi carne fora daqui foi quando recebi a aposentadoria no mês passado. Comprei uma costela porque estava com muita vontade”, relata Julvanilda à mesma reportagem.
Fica claro, portanto, que o planejamento da burguesia é entregar o país ao imperialismo e, consequentemente, jogar o povo brasileiro numa situação devastadora. A única forma de derrotarmos o golpe é por meio da mobilização popular. A luta pelo Fora Bolsonaro e Lula Presidente é a alternativa dos trabalhadores à crise e, portanto, deve ser levada às últimas consequências nas ruas.