Nos tempos idos de nossa sociedade capitalista, quando a fantasia do Estado Democrático de Direito estava em alta via de conciliação com a burguesia, imperando a política do Centro, havia uma série de Leis e Decretos regendo a necessidade de cadastramento de trabalhadores, os chamados camelôs, para o trabalho legalizado nas ruas.
No geral vendendo alimentos ou pequenas bugigangas, esses trabalhadores conseguem alimentar suas famílias e progredirem com um mínimo de civilidade no sistema capitalista, pagando impostos e livres em sua atuação.
Mas agora a conciliação se foi. Os policiais, quase na totalidade Bolsonaristas, parasitas que são pelo serviço burocrático unicamente para a repressão da população, seu controle e aceite da política imposta pela burguesia, estão se sentindo livres para humilhar e praticar roubos descarados, disfarçados de apreensões legais.
Isso sempre aconteceu, é verdade, pois a existência da polícia como órgão de repressão os transforma em verdadeiros inúteis fora dessa atividade, gerando oportunidades para “carteiradas”, furtos e roubos sob a proteção da farda, que lhes outorga uma visão corporativista de permissão para atos arbitrários.
Todo ato legal, realmente legal de apreensão por infração, mesmo extremamente polêmico e sempre questionável, tinha, nos tempos da conciliação de classes, do capitalismo bonzinho sem máscara fascista, a escrita detalhada dos objetos num Auto de Apreensão, para que o multado ficasse com a cópia para ter condições de recolher seus produtos, no caso de ilegalidades no exercício da atividade de venda.
Após decreto ilegal, pois afronta a constituição além de ser ilógico e sem mérito algum, a prefeitura do Rio de Janeiro liberou sua força policial para apreensões de camelôs oficialmente registrados, o que prova que, realmente, não há mais regra imperando a relação de convívio. Há força do Estado contra o Cidadão.
Mas conforme matéria de Rafaela Cascardo, repórter da Band News Fm, em 10/04/2021, a ação passou vexame e deu totalmente errada em razão da reação popular. O ato foi inclusive filmado, registrando primeiramente a reação indignada do vendedor de água de coco, com crachá no pescoço, carrinho em ordem, verde e amarelo, com sua bandeira do Brasil esticada, prontinha para satisfazer os turistas de Copacabana ou mesmo os bacanas dessas calçadas da região nobre da cidade do Rio de Janeiro.
A reação do trabalhador foi tão legítima, intensa, que fez uso de corpo a corpo para defender seu trabalho e assim acordou a população transeunte o defendendo e pedindo calma aos policiais, que de cassetetes nas mãos, após surra do vendedor, cidadão forte e decidido, apresentaram armas de fogo em punho, inclusive submetralhadoras, assim intimidando a todos, mas nitidamente apreensivos com possíveis resultados negativos.
A população tem um poder incrível, inclusive, caso se organize, poderá eliminar essas instituições repressoras, de parasitas pagos com seus impostos para satisfação da classe média bolsonarista, enfraquecendo assim os super ricos que dependem dessas instituições sangue sugas para impor sua política que avança sobre os direitos democráticos da população.
A burguesia compreendeu a pandemia como oportunidade ímpar para passar o boi, a boiada e assim impor suas políticas para a pilhéria e escravidão do Povo, administrando a sociedade para elevação do desemprego, criar enorme confusão nas mentes da população, desativar as organizações dos trabalhadores, invalidar soluções anteriores e assim criando uma situação explosiva para adotar o uso de armas e justificar ações de Garantia de Lei e Ordem.
O Estado de Exceção com características fascistas no Brasil, com a liderança dos militares de Bolsonaro, mas apoio integral de prefeitos e governadores, cinicamente e hipocritamente autodenominados diferentes de Bolsonaro, só será ultrapassado com a organização da classe trabalhadora. O caso do vendedor de água de coco provou isso. Caso a reação fosse mais volumosa e organizada, não somente indignada, com certeza não haveria espaço para a exposição de armas e uso da força sem consequências muito drásticas e indesejadas pelos covardes agentes da repressão.