Relatório anual da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo aponta que câmeras acopladas em uniformes de policiais militares levaram a queda de 32% na letalidade das abordagens entre os anos de 2020 e 2021. Os primeiros batalhões que serviram de piloto para o programa “Olho Vivo” obtiveram redução na letalidade de 87% no primeiro semestre de uso.
Os dados denunciam
O piloto do projeto nos primeiros batalhões, onde os agentes policiais ainda não tinham uma conduta para lidar com a vigilância das câmeras, ou seja, não conheciam os limites de controle social do novo instrumento, fez os números caírem em 87%. Esses dado demonstra que enquanto ainda não havia uma forma de lidar com o novo instrumento de controle, os agentes evitam atentar contra a vida dos abordados.
Entretanto, após domínio sobre a nova técnica e disseminação nos outros batalhões, essa realidade logo se transforma. A redução da letalidade estabilizou-se em 32% entre os policiais militares e 30% incluindo a polícia civil. Esse quadro denuncia a confirmação de que o assassinato, a simples execução, são políticas estabelecida pelas polícias.
Chama atenção nas estatísticas a diferença de mortes entre pessoas de pele branca e pessoas de tez negra ou parda. No ano de 2021, tirando as vítimas que não tiveram a cor de suas peles identificadas, 19.79% do total, apenas 29.35% eram brancos. O restante das vítimas eram negras e, majoritariamente, pardas.
Os dados são oficiais, ou seja, do próprio carrasco
Os números apontam que mesmo com a significativa redução, a violência e letalidade policial assusta. Segundo a Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, em 2012 foram 859 casos, seguidos de 705 em 2020, terminando o período analisado com 480 mortes registradas em 2021.
Vale ressalta que esses são os números oficiais da própria instituição, sobre os quais não resta dúvida sobre a autoria. Restando os incontáveis casos não contabilizados, realizados fora de serviço sem o devido registro. Na realidade, as mortes causadas pelas polícias estão cotadas na casa dos milhares.
O extermínio popular é oficial
Há uma demagogia gigantesca da direita “civilizada” da terceira via nesse assunto, onde tentam apresentar sua ditadura despótica sobre a população paulista. Um discurso que muda ao sabor da situação politica. Afinal, no início de seu mandato, “BolsoDória” afirmou que a polícia iria “atirar para matar“.
Há também o apoio descarado da extrema-direita fascista que defende que seus agentes policiais correligionários possam assassinar sem preocupações. Esse é o caso do pré-candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que abertamente promete acaba com o programa “Olho Vivo”.
Também há a demagogia da esquerda, como do ex-prefeito e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, que defende enfaticamente a medida. Colocando como parte de um plano de metas, envolvendo letalidade policial e prevenção de mortes de agentes.
O problema desta defesa de esquerda é criar uma ilusão sobre algo que já deveria ser claro: as policias são instituições contra a população. Não adianta tentar reformá-las, não há de mudar o seu cerne, é preciso extinguir essas instituições e criar milícias sobre controle popular para organizar a autodefesa dos trabalhadores no Brasil.