Os cadáveres da favela do Jacarezinho mal acabaram de ser enterrados e o ex-vice-governador, agora governador no lugar do outro carniceiro, Wilson Witzel, anunciou que irá intensificar a repressão ao povo trabalhador, negro e pobre das favelas do Estado do Rio de Janeiro.
O agora governador Cláudio Castro(PSL) disse que as UPP´s (Unidades de Polícia Pacificadora), aquelas mesmas que sequestraram, torturam, mataram e depois sumiram com o corpo do pedreiro Amarildo, foram um erro, e que agora o Estado irá levar, além da polícia, todo o aparato do Estado: “como maior oferta de creches, requalificação profissional e escolas”, nas suas palavras.
Algo que chama a atenção na biografia de Cláudio Castro é a sua ligação com a Igreja Católica, na condição de membro da Renovação Carismática Católica, ou seja, a face mais fascista dessa instituição. Não é de surpreender que tenha autorizado o massacre na favela do Jacarezinho.
Mostra ainda que a Igreja, como um todo, se mostra insensível ao sofrimento da população e, mais ainda, que após receber o perdão de dívidas tributárias, ela parece mais afável com o governo fascista de Jair Bolsonaro, algo como o que aconteceu na Itália durante a subida ao poder de Benito Mussolini.
Cláudio Castro sabe ou deveria saber que os defensores das UPP´s já faziam propaganda dessa ideia, a de levar, além da polícia, todo o suposto aparato estatal para dentro das comunidades (escolas, creches, etc..). O que nunca foi feito e nunca será no sistema político capitalista em que vivemos hoje. No máximo, o que veremos é alguma escola modelo, algum equipamento que possa ser denominado como padrão para outros que virão num futuro incerto.
Na realidade, o que Cláudio Castro está dizendo, em outras palavras, é que a política do Estado para a classe trabalhadora não irá mudar. Quando a comunidade ameaçar levantar-se contra a falta de perspectivas de trabalho, irá sentir a mão firme do Estado para colocar o pobre e o negro em seu devido lugar.
A única presença do Estado dentro da favela é, e continuará sendo, as polícias, não só a militar, como a civil e também em breve a paramilitar.
A insatisfação das favelas decorrente da catástrofe econômica provocada pela pandemia do coronavírus mostrou ao Estado que ele deve deter a revolta popular em sua raiz. Colocar a polícia dentro das favelas serve apenas para tentar conter a revolta popular ainda no seu nascedouro.
Qualquer medida repressiva por parte do Estado não irá funcionar por muito tempo, pois a fome, a falta de emprego e renda e a deterioração das condições de vida na favela, que já são degradantes, irão causar uma explosão social que nenhuma polícia poderá deter, como já visto em outros países latino-americanos, recentemente.
Sobre as polícias do Rio de Janeiro a única solução para elas é a extinção total, e em seu local a formação das milícias populares sob o controle dos próprios moradores das comunidades.