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Análise Política da Semana

Por que a CUT é a única central sindical de verdade

Transcrição de trecho muito importante do programa apresentado pelo companheiro Rui Costa Pimenta analisa o papel que cumpre as pseudocentrais sindicais

Na última Análise Política da Semana, ocorrida no último sábado (26/06/21), o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, fez uma valiosa análise do sindicalismo brasileiro e caracterizou a CUT como a única verdadeira central sindical. Abaixo está o trecho da análise que aborda o tema e é imprescindível para o entendimento das forças que atuam na esquerda nacional.

“Um problema da análise da situação brasileira é conhecer bem os participantes da luta política, as organizações e tudo mais. Durante a ditadura, os sindicatos foram colocados sob intervenção da ditadura, num primeiro momento, – a ditadura não interveio em todos os sindicatos, interveio em todos os sindicatos importantes – destituiu a diretoria dos sindicatos e colocou uma diretoria que nem dá para dizer que era pelega: colocou uma diretoria de interventores, alguns dos quais eram agente do DOPS, como era o caso do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo Joaquim dos Santos Andrade.

Portanto, os sindicatos foram colocados sob controle da ditadura. Depois foram chamadas eleições, logicamente muito controladas, onde elementos subservientes ao regime ganharam as eleições em todos os lugares. O movimento operário real se organizou nas oposições sindicais e durante todo esse período a ditadura proibia a existência de centrais sindicais, obviamente. O Brasil também nunca teve, com exceção de um rápido momento na época dos anarquistas no começo do século XX, quando foi formada a COB (Confederação Operária Brasileira), o Brasil nunca teve uma verdadeira central sindical.

Quando a ditadura entra em crise, as oposições, que eram oposições bastante politizadas, levantam a palavra de ordem de construção de uma “central única dos trabalhadores”, que viria a ser o nome da CUT. Então essas oposições começam a lutar por esta central sindical, fazer uma propaganda muito grande disso em todos os lugares, começam a ganhar espaço e sindicatos e num determinado momento as oposições se aliam a uma parte do sindicalismo institucional. A aliança foi feita com uma fração minoritária dirigida pelo então presidente do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o Lula, que era parte do sindicalismo institucional.

Dadas as greves e o crescimento do movimento, torna-se óbvio para todos os sindicalistas pelegos que eles precisam fazer alguma coisa porque esse sindicalismo iria ser varrido do mapa pelo sindicalismo combativo das oposições e pelo setor da burocracia sindical que havia passado à esquerda. Então, em comum acordo, – e, eu não tenho certeza, mas acredito que foi uma iniciativa da direção sindical lulista – foi chamada, de acordo com uma lei que existia na época, que era uma lei da ditadura, uma reunião chamada de CONCLAT (Congresso das Classes Trabalhadoras), que estava prevista na legislação sindical da ditadura. Foi uma reunião muito grande em que participaram muitos trabalhadores e sindicalistas de todo tipo.

Naquela reunião foi feito um acordo entre o sindicalismo institucional, que era uma coisa da ditadura, e o sindicalismo de esquerda que era combativo. É importante notar que, dentro do sindicalismo da ditadura, uma parcela das organizações de esquerda participavam aí. E, inclusive, eles serviam de direção desse sindicalismo pelego que estava desnorteado. O velho PCB chamou uma coisa que, se não me engano, era chamada de Unidade Sindical e participavam também o PCdoB, o MR8 e alguma outra organização de extração estalinista. Eles procuravam organizar os pelegos.

Esses pelegos começaram a se bandear para o MDB, esses sindicalistas de direita. Inclusive, o próprio “Joaquinzão”, que era agente do DOPS, foi para o MDB. O Congresso, contrariamente à vontade dos pelegos, aprovou a criação da CUT e formou-se uma comissão pró-CUT, mas, evidentemente, nem o PCB nem o PCdoB nem os pelegos queriam criar uma central sindical, eles eram contra isso daí.

Em 1983, depois de muita briga nessa comissão pró-CUT, a ala esquerda rompeu com a comissão pró-CUT e convocou o primeiro Congresso da CUT, que começou, a partir daí, a agrupar todo o sindicalismo combativo que ia ganhando terreno derrubando as diretorias pelegas. Nas categorias aonde havia greve a CUT tomou conta quase que integralmente, por exemplo, na categoria dos bancários, depois foram os militantes da CUT, do PCO e outros que criaram a Federação dos Correios, professores etc. Enfim, todos os sindicatos que estavam acostumados a fazer greve e começaram a renovar suas estruturas sindicais passaram para a CUT.

O peleguismo entrou numa crise total. Eles lançaram, num primeiro momento, uma central sindical que era uma farsa, que era a CGT. À medida que a CUT crescia, esse sindicalismo ia entrando em crise. Mas, temos que considerar que, embora a CUT fosse muito poderosa nos sindicatos grevistas importantes, os pelegos agrupavam uma maioria de sindicatos, porque no Brasil há muito sindicato, – tem sindicato no Brasil que não sabe nem o que é greve mas existe, o Brasil é um país que tem uma indústria muito grande, isso sem falar nos sindicatos de trabalhadores rurais que tem muito também. O sindicalismo brasileiro hoje em dia tem mais de 10 mil sindicatos, muito disso é artificial e muito disso, mesmo sem ser artificial, é totalmente paralisado.

Portanto, a CUT surgiu em oposição à ditadura e toda essa estrutura ditatorial que entrou numa crise muito grande. Num dado momento, os patrões ao perceber que a situação estava fora de controle, chamaram a diretoria do sindicato de metalúrgicos de São Paulo, que continua na mão dos pelegos, e criaram a Força Sindical. Essa organização foi criada pelos patrões e os patrões sempre apoiaram a Força Sindical, que tinha o hábito até uns 3 ou 4 anos atrás, de fazer um 1ºde maio que era um verdadeiro show do Sílvio Santos. Nos primeiros atos eles chegava a sortear apartamentos e carros para atrair o público. Não era um ato de 1º de maio de verdade, era um show financiado pela burguesia.

A Força Sindical era, é e sempre será uma organização patronal. Não é um verdadeiro representante da luta dos trabalhadores.

Durante um período o movimento ficou polarizado entre CUT e Força Sindical, que havia agrupado o que havia de ruim e estabeleceu uma coisa bem direitista. Isso foi durante o governo FHC. O PCB afundou, se dissolveu, perdeu a maioria dos quadros sindicais nessa crise. O PCdoB, quando se formou a Força Sindical, abandonou isso daí e entrou na CUT. Porém, depois, começou um movimento para que cada um criasse sua central sindical. Então, a Força Sindical rachou e teve crias, o PCdoB criou sua própria, que é artificial, o PSTU criou outra com um punhado de sindicatos, o PSOL criou outra chamada Intersindical. “Central sindical” é modo de dizer, porque essas organizações não centralizam nada. A Intersindical, inclusive rachou e se transformou em duas com mesmo nome.

Portanto, a [única central sindical que foi criada com base nas greves, na luta popular, no movimento operário real, é a CUT. Durante o governo Lula, o PSTU fez uma campanha – uma espécie de prenúncio do golpe também – de que a CUT era governista e que não poderiam ficar na CUT. Ora, todo marxista sabe que você não abandona uma organização sindical porque a direção é pelega. Porque se você fizer isso à sério, você irá virar um pária dentro do movimento operário, você deve lutar contra a política da direção. Por isso, o PCO nunca se deixou levar por essa história de que precisava rachar com a CUT para criar micro-pseudocentrais sindicais. A esquerda criou três, duas intersindicais e a CONLUTAS e nenhuma das três serviu para nada e todas elas acabaram apoiando o golpe.

Nós, do PCO, sempre tivemos a mesma posição e continuamos com ela que é atuar dentro da CUT. Daí tem gente que fala que a CUT está paralisada, é verdade. Todos estão paralisados, mas a CUT tem mais responsabilidade por ser a maior organização, mas nós trabalhamos para unificar o movimento operário e nós queremos que haja uma central sindical que realmente unifique. Se você tem uma central sindical é para quê? Para fazer uma greve geral e ter uma ação política geral dos trabalhadores. Quando veio o golpe e a CUT começou a chamar greve geral, as outras micro centrais sindicais falava assim: ‘que a CUT chame greve geral’. Então para quê você vai criar uma organização sindical que seria uma central sindical se você acha que o outro que deve chamar a greve geral? Não faz sentido nenhum. Permaneça então dentro da CUT e fala: ‘nós da CUT devemos chamar a greve geral’.

Eu acho, inclusive, que a esquerda toda deveria retornar à CUT, abandonar esses projetos fantasiosos, sectários e que viraram projetos golpistas de pseudocentrais sindicais. Por isso consideramos que a CUT é a única central sindical. As de esquerda são tão pequenas que não servem a nada e as outras não fazem nada mesmo porque não é a função delas organizar a luta dos trabalhadores. Agora, se você não organiza a luta dos trabalhadores, por que você tem que ser considerada uma central sindical? Na verdade são federações, nem mesmo de sindicatos pelegos, mas de de dirigentes sindicais pelegos, porque os sindicatos aí não atuam.”

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