No último ato do dia 24 de julho, tivemos uma presença mais ostensiva de setores da CUT, Central Única dos Trabalhadores, e do PT, Partido dos Trabalhadores, nas manifestações, eles levaram bandeiras vermelhas como devem ser as mobilizações e inclusive convocaram as atividades em vários locais do País. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, os Bloco Vermelhos organizados pelo PCO, Partido da Causa Operária, contaram com ampla presença da CUT, fortalecendo os atos e mostrando um indício positivo de tendência de radicalização dos movimentos.
É preciso aumentar as manifestações
Apesar de os atos terem sido vermelhos e combativos, é preciso ampliar a mobilização. A ida dos sindicalistas aos locais de trabalho, discutindo com os trabalhadores e a necessidade de participação e maior engajamento nas manifestações é tarefa urgente. O envolvimento daqueles que estão no chão da fábrica dia após dia – e até mesmo durante a pandemia, que já matou mais de meio milhão de pessoas no Brasil – é decisivo.
São os setores mais esmagados pelo capitalismo, que mais sofrem com a carestia dos alimentos, com a perda de direitos enquanto trabalhadores, com o aumento sistemático de itens básicos de sobrevivência, como gás, combustíveis, água, luz, aluguel e etc. são estes que darão o caráter de luta real e concreto das manifestações.
Como fazer?
Além da esquerda o caminho para os operários, convidarem para se juntar as manifestações, discutir as questões mais urgentes que cercam os trabalhadores, como, por exemplo, o desemprego, as privatizações, a diminuição dos salários entre outros ataques que atingem em cheio o verdadeiro motor econômico do País, é preciso um programa de luta que vá ao encontro da necessidade e da realidade atual. A principio, exigir imediatamente vacina para todos, auxilio emergencial de pelo menos um salário mínimo, diminuição da jornada de trabalho sem diminuição do pagamento, nada de privatização de estatais e nem de patrimônios nacionais.
Nesse sentido, não só os sindicatos, mas toda a esquerda combativa, devem tirar panfletos, jornais, cartazes, materiais de convocação de formas variadas e partir para as portas de fábricas, empresas, bairros populares, periferias. Enfim, chamar a massa seja onde for, para compor a luta nas ruas, contra tudo aquilo que os sufocam nesse momento, de crise econômica e sanitária, orquestrada principalmente pela direita golpista e pelo capacho dos Estados Unidos que tomou de assalto o poder no Brasil.
A convocação apenas pela internet e pelas redes socais, utilizada pela maioria dos partidos de esquerda, tem um efeito minúsculo quando o objetivo é um grande movimento de massas, que tem como objetivo pôr fim a um governo que é resultado direto de uma fraude, e um regime golpista totalmente tutelado por militares. Toda a militância deve estar engajada de forma direta, presencialmente, conversando, discutindo e explicando que o único caminho possível para uma mudança real da situação é o povo na rua organizado.
A presença da direita nos atos desmobiliza as manifestações
Mesmo sendo mobilizações organizadas e chamadas pela esquerda desde o começo, há setores pequeno-burgueses e frente-amplistas no interior do movimento que insistem em convidar partidos golpistas e direitistas para participar das manifestações, o que não é somente um absurdo, mas também uma manobra clara de enfiar goela abaixo da população oprimida seus próprios algozes. Essa tentativa de infiltrar a direita nos atos, levada a cabo pela direção de partidos como o PSOL e PCdoB, é extremamente impopular. E não é só isso: visa também a estrangular, frear e retirar a maneira radical, combativa e vermelha, que vem tendo os atos na medida em que se desenvolvem.
Nada de Frente Ampla com golpistas! Fora direita dos atos!
É óbvio que forçar a direita a entrar pelas portas dos fundos das mobilizações tem um objetivo, e esse, não é de interesse algum da classe trabalhadora. O que a direita busca, ao se infiltrar nos atos, é tenta sufocar a palavra de ordem e a figura mais importante e mais popular das manifestações que é Lula candidato, Lula presidente. A fim de emplacar um nome para a tal da terceira via, a frente ampla se movimenta para batizar como “democráticos” nas manifestações os partidos que são inimigos declarados do povo brasileiro, como PSDB, REDE e Cidadania. Por esses, entre outros motivos, Lula deveria participar das manifestações, convocar os atos e mostrar que o movimento é claro e se resume em uma frente única da esquerda contra Bolsonaro e todos os golpistas.