A situação social no Brasil tem piorado de forma exponencial desde que foi dado o golpe de estado contra Dilma Rousseff em 2016. A piora foi particularmente mais profunda durante o ano de 2020, devido à crise sanitária gerada pelo coronavírus e a total incapacidade dos governos de direita de lidar com ela. O número de mortos já alcançou os 250 mil e o de infectados já passa dos 10 milhões. A situação é totalmente calamitosa e os governos se mostram incapazes de esboçar qualquer reação a ela.
No entanto, a pandemia não é a única tragédia que esmaga a população brasileira. Além dela, a situação econômica também vem piorando a cada dia e isso se reflete particularmente no número de desempregados no país. Desde o golpe de estado, esse número só tem piorado.
Em 2016, ano em que Dilma foi derrubada, o número de desempregados no país saltou de 11,76 milhões para 13,23 milhões, representando um aumento de 12,5%. É mais ou menos o dobro do número de desempregados de 2014, quando o país havia atingido o menor número da série histórica iniciada em 2012, com 6,7 milhões de desempregados no país.
Atualmente, o número de desempregados, oficialmente, é de 14 milhões de pessoas. No entanto, é bastante fácil perceber que esse número é totalmente falso. Trata-se de uma subnotificação, da mesma forma que é feito com os números de mortos e infectados pela covid-19. Se somarmos a eles o número de trabalhadores subocupados, informais ou desalentados (pessoas que desistiram de procuar trabalho), ele chega a mais de 70 milhões de pessoas. É um desastre social prestes a acontecer.
É importante ressaltar que a situação chegou a esse ponto mesmo com os ataques do governo aos direitos dos trabalhadores, que foram todos feitos sob o pretexto de diminuir o desemprego. É o fracasso total das reformas trabalhista e previdenciária e das diminuições de salário ou de direitos trabalhistas de um modo geral. No momento, os trabalhadores estão em contratos de trabalho totalmente sucateados, sendo explorados de forma extremamente abusiva por seus patrões e, com a ameaça constante de engrossarem as fileiras dos desempregados.
Durante o período da pandemia, a intensificação da política neoliberal também foi uma importante contribuição do imperialismo e da direita para o aumento na miséria da população. Logo no começo de toda a crise, foram aprovadas leis que possibilitavam a diminuição do salário de funcionários, suspensões de contratos e demissões, enquanto o governo dava mais de 1 trilhão de reais para os banqueiros e capitalistas não perderem seus lucros.
A solução encontrada para que não houvesse um colapso social naquele momento foi a aplicação do auxílio emergencial, comemorado pela esquerda como uma gigantesca vitória. Mas é evidente que foi uma medida elaborada e aplicada pela burguesia, com apoio de toda a direita. No entanto, esse auxílio acabou e a população foi deixada à míngua, sem nenhuma palavra da esquerda.
Há também a questão das empresas que começam a fechar as portas no Brasil, deixando milhões de trabalhadores sem emprego e também contribuindo para a crise social do país. É o caso da Ford, que fechou todas as fábricas no país, mesmo após ter feito uma série de acordos abusivos com os sindicatos, prometendo a manutenção dos empregos de seus funcionários. Além da montadora norte-americana, a Sony também fechou sua fábrica na Zona Franca de Manaus, abandonando o país e, inclusive, privando o público brasileiro de vários de seus produtos. Essas ações mostram o tratamento dado pelas empresas multinacionais para os países atrasados. Lucraram muito com a mão de obra barata do Brasil e agora deixam centenas de milhares sem trabalho.
A situação toda se coloca dessa forma porque a política de empregos está nas mãos dos governos direitistas inimigos do povo. A defesa e a política de emprego deve ser colocada nas mãos dos sindicatos, que precisam reabrir suas portas e voltarem a agir, a fim de defender os interesses da classe operária. Não é possível continuar neste caminho.
Nesse momento, os trabalhadores devem sair às ruas e exigir a restituição de seus empregos, a proibição de todas as demissões em tempos de pandemia e a proibição das suspensões de contratos. Além disso, uma reivindicação importante para a luta contra o desemprego é a redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, sem a redução dos salários. Essa deve ser uma das principais bandeiras dos movimentos operários para combater o desemprego. Isso obrigaria os patrões a pagar a conta do desemprego e contratar mais funcionários.
As medidas apresentadas pelos capitalistas recaem sobre as costas dos trabalhadores e já se provaram totalmente ineficientes. A burguesia tem como única preocupação seus próprios lucros e está disposta a jogar toda a classe trabalhadora para o matadouro a fim de mantê-los. Os sindicatos e as organizações de esquerda precisam apostar na mobilização de toda a população para encamparem a luta política.