A classe trabalhadora não quer a direita nas manifestações. Dentro do movimento, há um amplo repúdio contra aqueles que são os responsáveis diretos pelo golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. O golpe de 2016 representou um dos ataques mais brutais de que se tem notícia contra a população brasileira, os índices de desemprego e de empobrecimento são alarmantes.
Apesar da ampla rejeição, há setores frente-amplistas que querem enfiar goela abaixo dos trabalhadores uma unidade com os golpistas que oportunamente se dizem contra Bolsonaro. No dia 02, na Avenida Paulista, as direções pequeno-burguesas levaram ao ato desde o PSDB a representante do Banco Itaú. Deu no que deu, aconteceu o esperado. Uma vaia colossal contra o candidato abutre Ciro ‘Coca-Cola’ Gomes. Falta de aviso é que não foi.
Faz tempo que o ‘coroné’ Ciro vem atacando Lula e o PT. Costuma chamar o ex-presidente de bandido etc. Recentemente, tentou ligar Lula à Prevent Senior, como se fosse sócio do genocídio que vem ocorrendo por conta da pandemia da Covid-19. Não bastasse essa atitude criminosa, ainda chamou Lula de canalha. Ora, o que o ‘coroné’ esperava participando de um ato no qual a maioria esmagadora dos participantes quer votar em Lula? Depois de ser tremendamente vaiado, na saída para ir para o carro, Ciro Gomes foi abordado por militantes de base da CUT indignados com sua presença ali. Houve um breve entrevero e isso bastou para acender a indignação da esquerda.
Várias figuras da direita e da esquerda pequeno-burguesa saíram em defesa do ‘coroné’ Ciro Gomes. Dentre elas, chama a atenção a Conlutas, pseudo-central sindical que foi criada justamente sob o pretexto de que a CUT seria pelega. Segundo o PSTU (que apoiou o golpe de 2016) a Central Única dos Trabalhadores não representava os direitos dos trabalhadores e que era preciso romper. Ora, Ciro Gomes e o PDT representam a quem exatamente? A então deputada Tabata Amaral, que foi ao ato e não teve coragem de falar, votou a Reforma (roubo) da Previdência, o que contribui diretamente para que aumente a pobreza e a miséria em nosso País.
O embarque na frente ampla
No dia 04 de outubro a Conlutas publicou em seu site uma nota de repúdio aos trabalhadores (leia na íntegra). No primeiro parágrafo ataca Bolsonaro, cita a inflação, privatizações, a PEC 32, e fala da “necessidade de fortalecer a unidade de ação entre todos os que estão neste momento pelo Fora Bolsonaro”. Cabe à Conlutas provar que quem vota a favor da Reforma Administrativa, Reforma Previdenciária, privatização dos Correios, que se opõe ao impeachment etc., esteja contra e não a favor de Bolsonaro.
No segundo parágrafo desfere seu ataque aos trabalhadores que com toda a razão se revoltaram contra seus inimigos. Dizem: “ocorreram fatos na manifestação de São Paulo que precisam ser denunciados e condenados (grifo nosso), pois são inadmissíveis em um movimento unitário”. Unitário para quem? Os trabalhadores não foram consultados sobre a presença da direita nas manifestações, isso foi uma imposição, uma vez que não se convocam plenárias amplas para deliberar sobre os rumos do movimento. Ao final do parágrafo vem o famoso “construir”, ou seja enaltece as “diferenças” (não seriam antagonismos?) e diz que essas diversas organizações “constroem essa luta”. Tanto constroem que levaram ninguém para as manifestações do dia 12 de setembro.
No terceiro parágrafo, claro, tratam a atitude dos trabalhadores como sendo antidemocráticas, intimidatórias e violentas. Sim, os trabalhadores que, pelas mãos da direita, perdem seus direitos trabalhistas, que são massacrados pela carestia, pela fome, pela polícia, é que são violentos e antidemocráticos. Pobre direita, o que terá feito para ser alvo de tanto ódio?
Depois de tudo isso, no quarto e último parágrafo, vem a lenga-lenga, a velha demagogia: a Conlutas exorta os trabalhadores a “manter a sua independência” a “levantar suas bandeiras”, e “preparar uma greve geral para através da ação direta (grifo nosso) construir uma saída classista para o país”. Como vimos, a Conlutas “gosta muito” de uma ação direta.
O desembarque
A Conlutas prova que está contra a luta, organização, unidade e mobilização da classe trabalhadora. Defender Ciro “Coca-Cola” Gomes e ataca a CUT (que é a única e verdadeira central sindical do país, com mais de 4 mil sindicatos em sua base).
A CUT agiu muito bem ao repudiar Ciro Gomes e os golpistas, ela apenas expressou a opinião da classe trabalhadora, que é contra Ciro e a direita golpista e por isso lhes deu uma sonora vaia que tomou toda a avenida Paulista. A Conlutas, por sua vez, une-se às “centrais” sindicais pelegas como a Força Sindical, e atua contra os interesses dos trabalhadores e a favor dos interesses patronais.
Existe um setor que saiu da CUT junto com o PSTU para formar a Conlutas e que, ou ainda está na Conlutas, ou é aliado. Esse setor se reivindica radical, revolucionário, classista. Se realmente acredita que é classista, deve romper imediatamente com a Conlutas, porque ela acaba de provar que não tem nada de combativa e que não está do lado da classe trabalhadora mas sim dos patrões.