Em toda a rede municipal de educação em Maceió, Alagoas, os professores entraram em greve no dia previsto para as aulas retornarem. As exigências não são complexas, sendo elas: um reajuste salarial, melhores condições de trabalho e a contratação de novos profissionais.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Educação do Alagoas (SINTEAL), 90 escolas não tiveram aula por causa da paralisação. Dentre as escolas municipais, 17 unidades não puderam ser abertas. Enquanto 10 estão servindo como abrigo para pessoas que perderam suas casas nas enchentes que ocorreram no último mês, as outras 7 tiveram suas estruturas severamente danificadas pelas chuvas.
A situação é, por completo, uma representação fiel do tamanho da crise pela qual o capitalismo se submeteu. A resposta da prefeitura para a greve foi, de forma demagógica, garantir para os professores que cerca de R$100.000.000,00 estava sendo investido na folha de pagamento e que mantinha o diálogo aberto com os sindicatos, pois, segundo ela, estava disposta a firmar acordos com os servidores insatisfeitos.
Na prática, a prefeitura não se posicionou sobre o pedido dos sindicatos para que fosse implantado um salário de acordo com o reajuste nacional, cujo piso é fixado em R$3.845,34. O aumento ocorrido seria de cerca de 33%, caso o pedido dos professores municipais fosse atendido, mas a contraproposta da prefeitura ficou em um aumento inexpressivo de 4% parcelado em duas vezes.
A resposta da prefeitura de Maceió não é um caso isolado. O capitalismo age de acordo com os interesses financeiros das potências que o controlam, sendo conflitantes com os interesses da classe trabalhadora – que sustenta aqueles que a exploram.
Assim como foi a postura tomada por Boris Johnson com a greve dos ferroviários em Londres, pelo governo da Holanda contra os agricultores grevistas e por Gabriel Boric contra os protestos dos povos nativos no Chile, a prefeitura de Maceió, ao recusar um aumento para o já baixíssimo piso nacional de R$3.845,34, reafirma como o capitalismo não coexiste com os interesses dos trabalhadores.
Os trabalhadores devem se unir cada vez mais em torno dos seus interesses, percebendo que não há diálogo com os patrões sem a existência do conflito. No Reino Unido, foi realizada a maior greve dos ferroviários dos últimos trinta anos, fazendo com que suas demandas fossem vistas e sentidas pelos capitalistas.
Da mesma maneira, é preciso seguir o exemplo de Lugansk, onde os sindicatos operaram como verdadeiros quartéis na libertação do Donbass. A classe operária deve se unir em torno dos seus interesses. Não há diálogo com o imperialismo, pois a sua conversa é pautada com propaganda e repressão policial como boas-vindas.