Com a crise e a inflação cada vez mais implacáveis, o trabalhador se vê cada vez mais na necessidade de se mobilizar, por mais contra-revolucionarias que sejam as organizações e lideranças que o guiam nas lutas que se seguem.
Um caso desses é a questão dos condutores de SP. Tanto os do transporte rodoviário, quanto os do transporte metroviário, têm demonstrado que estão com a vontade de se mobilizar, com o exemplo da última assembleia realizada nesta segunda-feira (23), realizada em frente ao sindicato dos motoristas e trabalhadores em transporte rodoviário urbano de São Paulo (Sindimotoristas).
Na ocasião, foi declarado, a despeito de sua liderança ser bolsonarista e pelega, um “Estado de Greve”, bem como assembleias permanentes. Indício de que a situação de conjunto favorece a luta e o desenvolvimento desta, se tal luta for feita da maneira certa.
Nesta assembleia, foi aprovado também por unanimidade, protestos em todos os terminais de ônibus da cidade, a partir de quinta-feira (25). Ações boas, mas ainda tímidas. Tem-se a impressão de que tais sindicatos estejam muito calados perante as crises que se avizinham para os setores que eles deveriam cuidar e lutar.
Nesse contexto, podemos dizer que as principais reivindicações propostas pela assembleia citada (que ainda contou com a participação e a fala do presidente pelego do Sindimotoristas, Valdevan Noventa, que é um deputado pelo PL do Sergipe) foram bem pequenas, como um pequeno reajuste salarial de 12,47% por exemplo, sendo a inflação oficial hoje acima dos 9%.
Na fala de Noventa, ele destaca que “gananciosos e insensíveis, os concessionários do sistema do transporte público urbano de SP não estão preocupados com as consequências do seu jogo sujo”. A fala parece combativa, porém propostas mais concretas e sérias devem ser apresentadas para sua categoria, como aumento salarial acima da inflação vigente. Ademais, mesmo que as ações em curso que a categoria informa na assembleia serem planos que até certo ponto mobilizam, ainda são insuficientes, dada a situação caótica que enfrenta o condutor urbano na capital paulista, mesmo que a deflagração de um “Estado de Greve” aponte que novas lutas estejam a caminho.
Outra questão a ser levantada é a dos metroviários, cujas lideranças estão ligadas a setores tão ruins quanto os bolsonaristas do Sindimotoristas, a Conlutas (que está mais para “Sem Lutas”). A greve que estava prevista para esta quarta-feira (25) foi cancelada, com decisão ocorrida após assembleia que aconteceu na noite do dia anterior. A greve parece nesse caso apenas uma palavra para que os trabalhadores se mantenham calados enquanto os pelegos negociam com os patrões, de maneira a sempre deixarem os trabalhadores na defensiva, haja visto que tal impasse da ocorrência ou não da greve se dá no marco da luta por maiores salários, com o aumento constante da crise que afeta ainda mais os trabalhadores.