Na pequena cidade de Ipirá (60 mil habitantes), a 210 quilômetros de Salvador, e que possui um dos maiores polos de produção de calçados do Nordeste brasileiro, se dá – nos últimos dias – uma situação que se repete por todo o País. Com cerca de 1600 empregos diretos, com fábricas como Ortopé e ASICS, as indústrias estão colocando no lho da rua centenas de funcionários.
Só na semana passada, o Sindicato dos Trabalhadores em Indústria de Calçados, denunciou que uma fábrica anunciou a demissão de 300 trabalhadores, de uma única vez. O total de demitidos pode passar de 600 operários, o que significaria a demissão de 50% da mão de obra do setor e uma crise de enormes proporções na cidade e em toda a região.
A situação, que se repete por todo o País, evidencia a política criminosa dos patrões diante do agravamento da crise. Para garantir seus lucros eles buscam garantir recursos junto ao governo Bolsonaro e governos estaduais, ao mesmo tempo em que demitem em massa, reduzem salários etc. No momento de crise violenta, diante da pandemia que ameaça levar à morte centenas de milhares de brasileiros, os trabalhadores se vêm colocados na rua da amargura, sem a menos condições de sustentarem suas famílias.
Segundo o Sindicato, em Ipirá as demissões ocorrem depois de negociação feita pelo entidade com representantes dos patrões em que ficou acertado que os trabalhadores ficariam em quarentena, como forma de preservação do quadro de trabalhadores. Os patrões aproveitar a desmobilização dos operários, para efetuar as demissões. Sindicalistas afirmaram que “nenhuma possibilidade para manutenção do emprego foi levada em conta, incluindo aí o fato de que inúmeros trabalhadores residem na zona rural e tinham nesses empregos a única fonte de receita para sustentar suas famílias” (Portal da CUT, 04/04/20).
O episódio reforça a necessidade de manter os sindicatos abertos e atuando para agrupar e mobilizar os trabalhadores.
Diante das demissões, é preciso convocar os operários, demitidos e ainda empregados, para entrarem em greve e ocupar as fábricas e obrigar os patrões a negociarem. É preciso também mobilizar toda a população trabalhadora da região, uma vez que as demissões nas industrial calçadista vai gerar outros milhares de demitidos nos demais setores.
O patrões e seus governos se valem da crise na saúde para intensificar seus ataques. É preciso criar conselhos populares e outras fórmulas de mobilização, passando por cima da orientação reacionária de ficar em casa esperando que os governantes resolvam a situação em favor do povo quando eles só agem para defender os interesses dos grandes capitalistas.
Se os capitalistas não podem manter sequer o emprego e salários dos seus “escravos”, é preciso preparar a ocupação das fábricas e garantir a continuidade da produção sob o controle dos trabalhadores e reivindicar a expropriação dos patrões que, junto com a falta d entendimento dos órgãos governamentais, ameaçam levar os operários à fome e à morte.