Depois de ter sacudido a Usina Presidente Vargas, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e toda a cidade de Volta Redonda (RJ), mostrando a combatividade há anos adormecida dos operários metalúrgicos, que passaram por cima da direção pelega do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense (da Força SIndical), que há anos não organiza nenhuma mobilização, a mobilização dos trabalhadores foi levada a um impasse.
Isso depois da primeira semana (até 8/4) em que os operários em uma intensa agitação interna, cruzaram os braços aos milhares, realizaram assembleias no interior da empresa e também saíram às ruas em protestos com familiares e outros trabalhadores da cidade, contra a situação de miséria salarial provocada pela empresa.
Junto com os trabalhadores da CSN do setor de mineração, de Congonhas (MG), e do porto de carvão, em Itaguaí (RJH), os trabalhadores reivindicam o reajuste de 30% dos salários, sendo 25% da reposição das perdas dos dois últimos anos em que ficaram com os salários congelados e mais míseros 5% de aumento real, diante de um arrocho que colocou os vencimentos da CSN entre os mais baixos do setores metalúrgico do País; exigem também o pagamento da “participação nos resultados da empresa” (o PPR) no valor de R$10mil, diante do lucro extraordinário dos tubarões da empresa que, só no ano passado alcançaram um lucro líquido de R$13,6 bilhões, quase três vezes do que o valor (atualizado) do que foi “pago” pela privatização da empresa, na década de 90 passada.
De uma primeira vitoria a um impasse…
Milhares de operários romperam, momentaneamente as amarras da repressão interna na empresa e das manobras da direção Sindical que, há anos, vem aprovando os “acordos” apresentados pela direção da CSN, por meio de fraudes e votações “secretas” controladas pela burocracia sindical e pela empresa.
No dia 8/4, mais de 6 mil operários contaram contra a proposta miserável da empresa (de reajuste de 8,1%) e, em assembleia na frente da empresa, elegeram uma comissão representativa dos trabalhadores para os representar na negociação com a direção da CSN, diante da devida desconfiança da direção do Sindicato.
A direção do movimento, no entanto, sob a influência externa de setores da Conlutas (PSTU) e do PCdoB, e diante da inexperiência dos novos ativistas, indicaram um caminho que continha a mobilização, ao se opor a ume greve geral da empresa, sob o falso argumento de que a greve poderia ser considerada ilegal, sem o apoio do Sindicato e levar à demissão de trabalhadores.
Os trabalhadores não entraram em greve efetiva e, para quebra a mobilização dentro da empresa, a empresa tratou de demitir a maioria das lideranças e muitos dos principais ativistas da mobilização, em um golpe traiçoeiro dos patrões que contou com o apoio dos sindicalistas pelegos que criticaram a condução da mobilização dos operário e dizer que só poderia haver greve após um processo de negociação que nunca existiu de fato.
Enquanto as demissões só faziam aumentar a revolta dos operários, os pelegos do sindicato e os “orientadores” da esquerda pequeno burguesa, sempre favoráveis a uma política de unidade com os pelegos da Força Sindical, trataram de convencer uma parte dos demitidos a esperar pelas negociações e por uma possível participação deles nas negociações o que nunca aconteceu.
Esses setores chegaram a fazer críticas aos companheiros da corrente Luta Metalúrgica (PCO e simpatizantes) que, em seus boletins e cartazes, defenderam sempre – com amplo apoio dos trabalhadores – a necessidade da greve, de parar tudo. Uma minoria chegou inclusive, sem sucesso, a tentar impor censura aos materiais dizendo que a greve não era a política oficial do movimento e não podia ser divulgada.
Sem greve, não pode haver vitória
Ficou evidente que esses setores trataram de colocar acima dos interesses dos trabalhadores na luta a questão das articulações em torno de uma chapa sindical, ma vã ilusão de que sem derrotar os pelegos por meio da mobilização operária, será possível derrotá-los em eleições viciadas por eles controladas e fraudadas a cerca de três décadas.
Centenas de opais e mães de famílias foram atacados e a esquerda que posa de radical, ficou passiva diante das demissões de dezenas de companheiros que foram lideranças do movimento. Assistindo a empresa e os pelegos enrolarem os trabalhadores com uma falsa negociação, pôs mais de uma semana.
Para garantir a farsa a direção da CSN não permite que os representantes eleitos pelos trabalhadores em assembléia, o comando da greve, participe das reuniões e até foi anunciada que as negociações foram transferidas para o escritório sede da empresa em São Paulo, que será feita por vídeo conferências etc.
Essa situação de expectativa esvaziou os atos e a mobilização no interior da CSN, onde – como era de se esperar – os ditadores da CSN aumentaram a pressão sobre os trabalhadores.
Para quebrar o bloqueio, é preciso reorientar o movimento.
À respeito reproduzimos trechos do Boletim Luta Metalúrgica, distribuído desde ontem, que apresenta uma perspectiva de luta para tirar a categoria do impasse.
“Chega de enrolação
A paciência dos trabalhadores tem limite, enquanto eles enrolam e lucram bilhões, os trabalhadores da CSN continuam com um salário miserável, um dos mais baixos da categoria nacionalmente, e que não proporciona uma vida digna ao trabalhador e suas famílias….
É hora de acabar com essa fraude.
Eles tentam ganhar tempo para nos vencer no cansaço, mas isso não vai acontecer. Agora é hora de mobilizar uma paralização total da Usina Presidente Vargas, fazer o mesmo chamado aos trabalhadores da CSN nas outras unidades e exigir do sindicato a convocação de uma assembléia geral aberta dos trabalhadores metalúrgicos de toda a região para unir as forças de toda a categoria.
É hora da greve total! Exigir a participação dos representantes eleitos pelos trabalhadores na comissão de negociação, reforçar os comandos de base e conquistar: a reintegração de todos os companheiros demitidos; a estabilidade no emprego para todos; 30% de reposição salarial; PPR de R$10 mil; volta do plano de saúde pago pela empresa e jornada máxima de 6h diárias e 30 horas semanais“





