Realizou-se neste último final de semana, no Hotel Wyndham Gardem Convention Nortel, localizado na cidade de São Paulo, o 6º Congresso da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), que se deu, também, de forma híbrida, ou seja, metade dos delegados participaram presencialmente e a outra metade, de forma virtual.
O Congresso teve como pauta a aprovação de alterações estatutárias, eleger a nova direção da entidade e definir as diretrizes para o plano de lutas da próxima gestão.
Uma da questão que chama a atenção, em relação ao Congresso, foi o número de delegados, que contou com apenas 341 participantes, na maioria dirigentes sindicais. Ou seja, menos de 1% da categoria, que conta hoje com cerca de 450 mil bancários nacionalmente.
Chama atenção no seguinte sentido: a categoria bancária, que neste ano já está em campanha salarial (a data base da categoria é no mês de setembro, mas teve a sua campanha antecipada para maio), e os congressos dos trabalhadores bancários deveriam ter um caráter de uma gigantesca mobilização, já que a categoria passa por um momento de extrema gravidade, em que os banqueiros e seus governos implementam uma feroz ofensiva reacionária contra os trabalhadores. Vimos isso, no último período, por meio das demissões em massa, rebaixamento salarial, fechamento de centenas de agências de departamentos bancários, terceirizações, privatizações etc.
Somente no período da pandemia, os banqueiros demitiram mais de 36 mil trabalhadores; nos bancos públicos, o governo golpista de Bolsonaro está executando uma política de tomar a sopa pelas beiradas, ao entregar as subsidiárias praticamente de graça (não dá mais para falar a preço de banana, já que a fruta está com um valor absurdo), pavimentando o caminho da privatização. Esses são apenas alguns exemplos do rol de ataques que os bancários vêm sofrendo, algo que não se via como política acabada do regime desde a era do famigerado governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que, dentre outras atrocidades, jogou na miséria milhões de brasileiros, liquidando praticamente com tudo que era público através das privatizações.
Uma das pautas aprovada no Congresso diz respeito à formação, nacionalmente, de Comitês de Luta, cujo o objetivo é formar “brigadistas que ajudem a difundir as informações para as bases e as propostas de interesses dos trabalhadores, como a defesa dos bancos públicos e a defesa do sistema financeiro com funções de desenvolvimento econômico e social do país. Eles também serão responsáveis por reverberar as lutas específicas da categoria, como o aumento real, o combate às metas abusivas, o fortalecimento da mesa única de negociações e a regulação do teletrabalho, entre outros”. (site Contraf/CUT 03/04/2022)
É necessário ressaltar que a proposta de criação dos Comitês de Luta, além de defender as pautas específicas da categoria bancária, precisa, necessariamente, estar alinhada com as questões mais gerais em relação à situação política nacional. Ou seja, a luta contra o golpe de Estado, que se materializa no processo das próximas eleições gerais em torno da palavra de ordem de Lula presidente.
Nesse sentido, o Congresso da Contraf também aprovou, por unanimidade dos delegados, uma moção, proposta pela Corrente Sindical Nacional Causa Operária – Bancários em Luta – pelo total apoio à candidatura do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, como única candidatura que efetivamente poderá derrotar o golpe e que deverá ser instrumento para agrupar os trabalhadores, a juventude e os explorados, na luta contra a direita e a extrema-direita.
Os Comitês de Luta, mais do que um instrumento de luta específica da categoria, precisam ser organizado de maneira a atuar como ferramentas de fundamental importância para derrotar as pretensões da burguesia em eleger os seus candidatos, seja através da 3ª via, seja por meio da extrema-direita, com Bolsonaro.
Além disso, é preciso ter claro que nada pode substituir uma grande mobilização de toda a categoria bancária, uma agitação real, de massa, com a realização de congressos massivos, com uma ampla participação da base da categoria. Afinal de contas, é completamente viável a realização de um congresso com mil delegados, por exemplo, em um local amplo, tal qual a quadra dos bancários, em São Paulo. Dessa forma, seria possível suportar esse contingente de trabalhadores, respeitando todas as medidas de proteção sanitárias, para que se possa aprovar as pautas de reivindicações fundamentais da categoria e derrotar os ataques dos banqueiros e seus governos de plantão.