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Rafael Dantas

Membro da Direção Nacional do PCO e diretor de redação do Jornal Causa Operária.

Teoria e prática

O PCO e o socialismo

Temos estudado o que é o socialismo nesses últimos meses: é uma questão vital na construção de um verdadeiro partido operário e revolucionário

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O Partido da Causa Operária (PCO) realizou uma importante atividade de formação teórica no segundo semestre deste ano (2021): a Escola Marxista, com o tema “o que é o socialismo”. O nosso jornal impresso Causa Operária acompanhou de perto a atividade e ofereceu uma seleção de textos importantes aos participantes do curso. 

Seria bom se os leitores deste artigo tivessem à mão as edições que vão do número 1.180 ao 1.192. Caso não tenham, oferecemos aqui duas soluções simples: procurar por conta própria os textos que vamos listar abaixo ou fazer sua assinatura do jornal Causa Operária. Os assinantes do jornal têm acesso às edições anteriores no site www.jornalcausaoperaria.com.br e vão encontrar os textos que selecionamos em muito mais lá.

Bibliografia marxista essencial

Como dissemos, publicamos nas páginas de Causa Operária alguns dos textos mais importantes para o estudo do marxismo, isto é, da concepção de mundo da classe operária. Na maioria, são textos simples, introdutórios e por isso mesmo são fundamentais.

Assim, reproduzimos alguns textos sobre a vida e a obra dos grandes fundadores do pensamento socialista moderno, Karl Marx e Friedrich Engels. Além destes, reproduzimos também alguns dos escritos do próprio Engels, o mais importante propagandista das teorias de Marx.

Introdução ao marxismo

O primeiro que publicamos foi o artigo “As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo”. Esse texto curto e poderoso foi escrito há mais de um século pelo grande dirigente da Revolução Russa de 1917, Vladimir Lênin. Nele, Lênin explica que o socialismo científico se desenvolveu a partir do estudo da filosofia alemã, da economia política inglesa e do socialismo utópico francês. É um resumo genial das ideias fundamentais de Marx e Engels.

Lênin fez muito para divulgar a doutrina marxista. São dele diversos textos como esses outros dois que publicamos em nosso jornal: “Engels e o socialismo” e “Karl Marx”. Nestes dois textos, Lênin apresenta as biografias dos dois grandes líderes da classe operária mundial. E ao fazer isso, expõe de maneira clara suas ideias fundamentais.

Outros dois russos deram explicações importantes sobre o pensamento marxista: 

George Plekhânov é considerado o “pai” do marxismo na Rússia. É o estudioso da filosofia materialista desenvolvida e aprofundada por Marx e Engels que mais contribuiu para a sua compreensão de um ponto de vista socialista e revolucionário. Dele publicamos “A concepção marxista da história”, uma palestra apresentada por Plekhânov a operários na Suíça em 1901.

Outro texto importante é do estudioso David Riazanov. Ele foi encarregado, logo após a Revolução de 1917, de dirigir a publicação das obras de Marx e Engels em russo, bem como, mais tarde, das obras de Lênin. É dele o texto “Uma interpretação materialista da história”, que foi tirado do artigo mais longo “Notas ao Manifesto Comunista”.

A sociedade do futuro

Leon Trótski, o segundo dirigente mais importante da Revolução Russa, também escreveu muito sobre o marxismo. Publicamos no nosso jornal impresso um trecho do seu livro Literatura e revolução, de 1923. Neste texto, Trótski mostra de maneira genial como a sociedade socialista do futuro pode se desenvolver. É mesmo assombroso constatar que muito daquilo que se imaginava para o futuro vem se realizando em meio às contradições da sociedade capitalista. 

Além dele, publicamos um texto muito importante de um alemão, August Bebel, companheiro em armas de Marx e Engels. Reproduzimos nas páginas do jornal um capítulo do livro A mulher e o socialismo que fala justamente da sociedade do futuro. Nele Bebel explica as condições para a emancipação da mulher e mostra como ela somente será completamente livre em uma sociedade sem classes, sem a exploração de uma parte da humanidade sobre a outra.

Engels, o pai da matéria

Como não podia deixar de ser, Causa Operária republicou alguns dos textos mais importantes escritos por Friedrich Engels. 

Em “Princípios do comunismo”, Engels já apresentava as ideias que, logo em seguida, foram expostas em conjunto com Marx no “Manifesto Comunista” de 1848. 

Este texto, que é um rascunho do próprio “Manifesto Comunista”, é um dos que, particularmente, me são mais queridos. Apresentei uma palestra sobre ele alguns anos atrás. O auditório era composto de novos militantes do partido. O texto apresenta a história do capitalismo e a sua inevitável superação pelo socialismo. Tive o prazer de ouvir de um deles, um operário, que aquela explicação dada por Engels era a melhor que ele já tinha assistido.

Outro texto que publicamos, “A missão histórica do proletariado”, é um trecho do livro Do socialismo utópico ao socialismo científico, também de Engels. Essa obra é indispensável para quem quer estudar e entender o que é o socialismo. Foi escrito em 1880. O livro é tão importante que as Edições Causa Operária estão preparando sua publicação acompanhada de muitas notas de rodapé. Esperamos que elas ajudem os leitores a entender melhor os conceitos e acontecimentos históricos citados por Engels.

Outro texto, a que demos o título “As origens do socialismo científico”, é um trecho de um capítulo de um dos livros mais importantes escritos por Engels, o Anti-Dühring, publicado pela primeira vez em 1878.

A importância desta iniciativa

Esperamos que os leitores possam tirar as lições mais importantes desta seleção de textos. Particularmente aqueles que frequentaram as aulas da Escola Marxista.

Não é à toa que promovemos o estudo das obras dos grandes cientistas que a classe operária criou em quase 170 anos de lutas. Lênin foi um deles. Foi ele quem disse que “não há movimento revolucionário sem teoria revolucionária”. Essa conclusão importante foi uma das bases da construção do partido mais revolucionário que se conheceu até hoje, o Partido Bolchevique.

Só a classe operária pode, de fato, abrir caminho para a nova sociedade. É preciso abrir caminho para o futuro da humanidade sem classes, sem exploração, sem ricos e pobres. 

Os trabalhadores que não têm nada a perder, são os únicos que podem colocar a sociedade capitalista abaixo. São os únicos que podem arrancar as fábricas e o dinheiro das mãos dos grandes capitalistas e banqueiros. Os únicos que, quando chegarem ao poder, podem impedir que novamente se criem exploradores e explorados.

Para isso, é preciso construir um partido forte, uma direção política, uma liderança que tenha clareza dos seus objetivos. É preciso construir um partido operário. Um partido que lute para defender os interesses dos trabalhadores, dos explorados e oprimidos pelo capitalismo. Um partido que permita aos trabalhadores fazer política e lutar por seus objetivos de maneira independente dos exploradores e de seus partidos.

É por isso que nos esforçamos para divulgar as ideias que inspiraram milhões de trabalhadores e revolucionários nos últimos 170 anos. Para construir seu próprio partido e lutar pelos seus próprios objetivos, a classe operária precisa conhecer a sociedade em que vive. Precisa saber por que os trabalhadores são escravos na sociedade capitalista. Precisa entender como se relacionam todas as classes sociais que existem. Precisa de uma teoria revolucionária que explique tudo isso.

Aprendendo da experiência da Alemanha…

Na Alemanha, nos anos 1870, enquanto criava o maior partido operário até então, Engels escreveu que os operários alemães tinham duas vantagens essenciais sobre os do resto da Europa. “Em primeiro lugar, a de pertencerem ao povo mais teórico da Europa e terem conservado o sentido teórico que a chamada ‘gente culta’ da Alemanha tão completamente perdeu. Sem a precedência da filosofia alemã, nomeadamente de Hegel, o socialismo científico alemão — o único socialismo científico que jamais existiu — nunca teria nascido. Sem esse sentido teórico entre os operários este socialismo científico nunca lhes teria entrado tanto como entrou na massa do sangue.” (Prefácio da terceira edição de ‘A guerra dos camponeses alemães’, 1875)

Engels dizia isto porque o Partido Social-Democrata Alemão (assim se chamava o partido operário e socialista naquele tempo) havia feito avançar a organização da classe operária como nunca antes. Colocava essa qualidade em contraste com as tradições do movimento operário na Inglaterra e na França daquela época. 

Na Inglaterra, predominava o “pragmatismo”, o desprezo pela teoria e a falta de princípios políticos dos sindicalistas. Isso impediu a construção de um verdadeiro partido operário independente da burguesia e da pequena burguesia. Foi por isso que, apesar de estarem muito bem organizados em seus sindicatos, os trabalhadores ingleses não levaram adiante a revolução que Marx e Engels esperavam que fizessem.

Na França aconteceu o contrário. Mas foi por outros motivos que um partido operário foi abortado. As direções da classe operária nesses países seguiam as teorias equivocadas dos socialistas utópicos e anarquistas. A confusão e a desorganização promovidas pelos anarquistas atrapalharam o amadurecimento político da classe operária que já tinha participado e inclusive dirigido várias revoluções na França do século 19. O mesmo aconteceu na Espanha e na Itália.

Engels dizia que os operários alemães tinham uma segunda vantagem sobre os seus irmãos trabalhadores de outros países naquele tempo. Tinham entrado no movimento operário mundial muito depois que os trabalhadores da França e da Inglaterra. Tinham a oportunidade de aprender dos erros do socialismo francês e do oportunismo dos sindicalistas ingleses. O movimento prático da classe operária alemã “se desenvolveu aos ombros do movimento inglês e francês, pôde aproveitar-se simplesmente das suas experiências pagas a alto preço e evitar agora os erros então inevitáveis na sua maioria” (Idem). 

…e da experiência da Rússia

Engels dizia isso antes do Partido Social-Democrata Alemão ter sido corroído e desvirtuado pelos defeitos que hoje acometem a quase totalidade dos partidos de esquerda: o oportunismo, o carreirismo parlamentar, o abandono da teoria revolucionária, enfim, o fato de terem se colocado de joelhos diante da burguesia e seus partidos.

Ele dizia que não era possível prever por quanto tempo o movimento operário alemão se destacaria como o mais avançado em todo o mundo. Os socialistas alemães entraram em decadência no fim do século 19 e sofreram um verdadeiro colapso no início do século 20, quando seu partido apoiou a burguesia na Primeira Guerra Mundial.

Mas àquela altura, as teorias revolucionárias desenvolvidas por Marx e Engels já tinham conquistado uma grande audiência fora da Alemanha. E foi na Rússia, um país atrasado, onde a classe operária era a minoria da população, que de maneira contraditória e até mesmo inesperada as ideias do marxismo floresceram.

Foi ali que Lênin e os bolcheviques colocaram em prática e com vigor os ensinamentos de Marx e Engels. Fizeram os “esforços redobrados em todos os terrenos da luta e da agitação”. Cumpriram “dever dos dirigentes” da classe operária e esclareceram-se “cada vez mais sobre todas as questões teóricas”. Só assim, como dizia Engels, puderam “libertar-se cada vez mais da influência de frases tradicionais, pertencentes à velha visão do mundo, e ter sempre presente que o socialismo, desde que se tornou uma ciência, também quer ser exercido como uma ciência, isto é, estudado.” (Idem)

Seguindo esse conselho de Engels, os russos fizeram a maior revolução que o mundo já viu. Hoje, nosso partido segue o mesmo caminho.

Assim como fizeram Marx e Engels, como fizeram Lênin e Trótski, o Partido da Causa Operária se empenha em “difundir com zelo crescente entre as massas operárias a inteligência assim ganha, cada vez mais esclarecida” para “tornar cada vez mais firmemente coesa a organização do partido e bem assim das associações sindicais” (Idem). 

O que 2022 nos reserva?

Um partido operário só pode se construir por meio do trabalho de organização de trabalhadores e militantes e da agitação e propaganda das ideias e do programa político revolucionário. Para conseguir ambas as coisas, é preciso, como disse Lênin, “estudar, estudar e estudar”. 

É nesse sentido que vamos dar continuidade ao nosso plano de formação marxista no ano que se inicia. De todas as iniciativas que tomaremos em 2022, destaco uma: a experiência bem-sucedida da Universidade Marxista será aprofundada com um curso bastante ambicioso. 

O companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, vai apresentar um curso com uma interpretação marxista da história do Brasil. É um projeto sem igual na esquerda brasileira. Uma explicação aprofundada dos fatos e uma interpretação revolucionária, baseada na teoria científica do socialismo. Uma ferramenta importante na construção do partido da revolução, do governo dos trabalhadores e do socialismo.

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