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Juliano Lopes

Coordenador do Coletivo de Negros João Cândido do PCO, milita no partido desde 2006 e faz parte do Comitê Central Nacional da agremiação. Advogado, apresenta os programas Na Zona do Agrião e Tição – Programa de Preto, ambos da Causa Operária TV.

Futebol arte

Neymar, o anti-futebol moderno

Quem está acompanhando o futebol brasileiro de perto sabe que estamos nos aproximando do odioso tiki-taka, que é uma forma brochante de jogar futebol, em que os jogadores tocam a bola até chegar debaixo da trave do adversário. Além de ser feio, é ineficiente.

Na final contra a Espanha (os pais do tiki-taka), pelas Olimpíadas de 2020, o Brasil venceu porque é um time superior pela qualidade técnica geral, não pela quantidade de passes ou pela posse de bola. Mas de qualquer maneira foi possível perceber que os jogadores brasileiros estão, cada vez mais, pressionados pelo tiki-taka, pela necessidade de ficar tocando a bola mesmo que esteja em uma ótima posição para um chute ou para um drible. E isso pode ser visto em times brasileiros. A queda vertiginosa dos gols de falta revelam esse problema. No Brasileirão de 2020, a quantidade de gols de falta caiu quase 80% em relação ao campeonato de 2010. Ao invés da cobrança direta, muitas faltas são cobradas por toque de lado, ou chuveirinho. 

A crítica ao drible é outro exemplo, apontado como uma forma de humilhação (e é mesmo) e que deveria ser repudiada, ao ponto de Neymar levar até um cartão amarelo por driblar. Os atacantes de quase dois metros, para atender aos chamados do chuveirinho, os trombadores, o incansável toque de bola até chegar perto do gol sem um drible qualquer e os velocistas: enfim, existem uma série de iniciativas para acabar com o futebol tal como o conhecemos.

Um jogador na atualidade destoa completamente dessa forma de jogar bola, o Neymar. Desde sua revelação, todo mundo sabe que os zagueiros sofrem com o atacante, existem até mesmo centenas de vídeos no YouTube mostrando os marcadores descadeirados pelo brasileiro e gols plásticos, dignos de prêmio Puskas, que por sinal não premiou ninguém, até hoje, por toque ou posse de bola. Esse é o futebol mais evoluído, feito por brasileiros, e maior campeão mundial, cinco vezes, sendo que em outras tantas, como nos anos 1980, não levamos a taça, mas era inegável a superioridade do futebol brasileiro.

O futebol de Neymar sobrevive em meio a esse avanço do futebol moderno, do tiki-taka. E esse avanço é tão somente uma tentativa de impor o futebol europeu para o restante do mundo, na marra, pela campanha, pelo dinheiro, pela imprensa. Segundo os capitalistas do esporte, o futebol, esporte mais popular do mundo, não pode ter o Brasil como referência, precisa de um gringo, de um imperialista clássico. 

Isso a esquerda não entende, pelo contrário, ajuda aos capitalistas do esporte fornecendo argumentos esquerdistas para facilitar a imposição do futebol europeu, que são os ataques contra Neymar e sua suposta posição política diante dos acontecimentos, sua conduta individual, enfim, todos os aspectos fora dos gramados.

O embate aqui é entre o futebol brasileiro, aquele que permite derrotarmos, pelo menos dentro das quatro linhas, os donos do mundo, os imperialistas. É isso que explica a torcida dos africanos pelo Brasil, sempre. 

É a finta, o drible, a técnica, contra a força bruta. O tiki-taka é só mais um representante do futebol força. Debate já feito em outros esportes, por exemplo, quando da luta entre Muhammad Ali e Joe Frazier. E mesmo aí, no Boxe, onde a força é fundamental, vale a mesma regra, a habilidade do oprimido em vencer a brutalidade dos opressores. No futebol isso ainda é mais nítido.

E a ineficiência do tiki-taka foi demonstrada especialmente diante da derrota da Espanha em 2013, para o Brasil, pela Copa das Confederações, por 3×0. A Espanha era a atual campeã mundial (2010), badalada, ovacionada pela imprensa esportiva, e levou um atropelo patrocinado por Fred, duas vezes, e Neymar. Depois os espanhóis nem passaram da fase de grupos da Copa de 2014, levando uma traulitada da Holanda (5×1) e outra fumada do Chile (2×0). 

A defesa de Neymar é uma defesa do futebol brasileiro, que é um patrimônio do povo negro, pobre e trabalhador do Brasil. É a defesa contra as investidas do imperialismo no esporte, tendo o tiki-taka um dos seus maiores representantes.

Talvez tudo isso que foi escrito acima possa ser trocado por um vídeo. Eu sempre aprendi melhor com imagens, então vamos lá:

https://www.youtube.com/watch?v=wp1ZltRNdJs

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