Assisti, pela 30ª vez, o filme “Em Busca do Cálice Sagrado”, do Monty Python, monstros incontroláveis da comédia, ácida, política, e de qualquer natureza. Eles fazem você sorrir muito levando ao extremo certos raciocínios da sociedade e da política.
Se na ativa estivessem, estariam facilmente presos em Guantánamo, a pedido da esquerda, claro.
Em uma cena cômica do filme, um grupo de linchadores traz uma mulher dizendo que ela é bruxa. E por qual motivo? Porque ela se parece uma bruxa.
Após diálogo totalmente absurdo conduzido pela autoridade coatora (o Estado), mas que revela a política do linchamento, ela, a mulher, deveria ser pesada para saber se pesa o mesmo que um pato (que flutua na água) e, por isso, seria feita de madeira (que também flutua na água), material de composição das bruxas, que pegam fogo igual madeira, quando incineradas. E assim o Estado prova que ela é uma bruxa. Lógico, não?
Os rapazes do Monty Python eram muito mais democráticos (e divertidos) que a esquerda atual. Mas vamos ao nosso bruxo, o Monark.
Eis que, no dia seguinte, uma turba de críticas e até insinuações penais cobrem o rapaz do Flow, Monark, por ter dito que os nazistas deveriam ter direito a um partido nazista aceito pela legislação, em um programa no qual debatia com Kim Kataguiri e Tábata Amaral, dois notórios apoiadores do golpe de Estado.
A repercussão foi tamanha que uma série de artigos e matérias foram destinados a criticar a posição de Monark. Zico cancelou a participação no Flow. O canal perdeu os direitos de transmissão do campeonato carioca deste ano, críticas, inclusive, na Folha de S. Paulo, e, por fim, o Flow desligou Monark do canal que ele mesmo fundou. Além da perda de patrocínios.
O crime foi ter falado. Ele falou. O que ele falou? Que nazistas deveriam ter o direito de ter um partido nazista. Foi isso que ele falou, e foi linchado, ao ponto de pedir desculpas por ter dito o que pensa, falando que estava bêbado quando falou. Todo caso me lembrou a cena do pato…
Oras, se é tão sinistra essa ideia, por qual razão é aceito, por esse mesmo pessoal histérico, a existência do PSDB? Os tucanos causaram mais desgraças aos brasileiros que qualquer nazista, e nem por isso. Ao contrário, até foram convidados para participarem dos atos da esquerda (!). Os tucanos não falam, fazem, o que é muito pior.
A liberdade de organização e pensamento deveria ser irrestrita, por pior que seja a concepção de uma determinada pessoa. O Estado não deve tutelar esse direito, não deve escolher o que pode ou não pode ser feito politicamente. Essa fase já passou, foi a ditadura militar e o AI-5.
Os nazistas, fascistas e congêneres foram combatidos (e o são) como deve ser feito, no debate político e nas ruas, no braço, se preciso for. Essa é a tradição do movimento operário. É assim que se esmaga a direita, não fingindo que ela não existe quando ela está, justamente, no poder.
Não é que a histeria da esquerda 190, que adora a censura, as penas, a cadeia, e as leis não sobrevive às críticas do marxismo, mas sequer sobrevivem às tiradas do Monty Python. Então vou deixar para vocês mais uma cena desse grupo fenomenal, que entendeu que a censura, vinda do Estado, conduz à repressão generalizada:
https://www.youtube.com/watch?v=WB_gITBdPA4
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