Em um dos atos da avenida Paulista, algum tempo atrás, a bandeira do PSDB foi trucidada por manifestantes da esquerda, em um ato que resultou em confusão e expulsão dos tucanos da manifestação.
Faz tempo, também, que a direita tenta, de todo jeito, se infiltrar nas manifestações da esquerda, no que resultou no ato do dia 2 de outubro, com a presença de Ciro Gomes (PDT), a banqueira-herdeira Neca Setúbal, o presidente municipal do PSDB no carro de som, etc., em manobra que foi preciso montar um esquema gigantesco de segurança para o negócio não terminar em guerra civil. Mesmo assim, Ciro foi vaiado e teve corre-corre atrás do Masp, quando Ciro escapuliu da manifestação onde era malquisto.
Não foi só.
O odioso verde amarelo, agora encarado por muita gente como cores abertamente direitistas, também foi escorraçado da Paulista.
Geralmente quem faz o papelão de levar a faixa grande verde amarela nos atos é o partido Pátria Livre e os insanos do PCdoB, na cantilena demagógica de resgatar a bandeira do Brasil. Existem outras organizações que também fazem um esforço gigantesco de passar essa vergonha, mas aquelas são as principais.
De qualquer maneira, os black blocs estavam presentes e também passaram o trator na faixa verde e amarela (ainda bem!) o que mostra uma importante evolução à esquerda dos manifestantes, e que não demonstra simpatia pelo verde-amarelismo, motivo de muita confusão em 2013, por exemplo.
Agora o verde-amarelo não cabe mais.
A manobra de infiltrar a direita dentro das manifestações da esquerda fracassou, pelo menos nos atos do dia 2 agora, e a tendência é que essa tentativa seja esmagada nas próximas manifestações, pois a esquerda combativa está evoluindo para impedir a participação da direita golpista e suas cores dentro das manifestações da esquerda.
A imprensa clama pela identificação dos black blocs, que sejam punidos, identificados, perseguidos. Que devem ser expulsos das manifestações, que devem sofrer reprimendas dos organizadores.
De maneira alguma.
O representante da UMES (União Municipal dos Estudantes Secundaristas), Lucca Gidra, disse à Folha de S. Paulo que “foi um ato covarde, eles foram lá e rasgaram a bandeira”. Nada disso. Covarde é articular a presença da direita dentro dos atos da esquerda às costas dos manifestantes. E é muito cinismo, na verdade folga, levar bandeiras e cores dos golpistas para os atos da esquerda. É claro que vai dar ruim, e é preciso que dê ruim mesmo.
“Isso é um problema porque, quando eles fazem isso, acabam não ajudando a população a ir para o ato. A população fica com medo por atitudes dessa minoria”, emenda o Sr. Gidra. De maneira alguma. A juventude está revoltada justamente porque deram o golpe de Estado, as suas famílias estão em situação social crítica, sofrem de desemprego, etc., e ainda por cima, quando vai para uma manifestação, fazem o favor de colocar golpistas e suas cores na atividade, nas ruas e no carro de som.
A raiva é justificada, e legítima é a reação.
Nada mais natural a reação dos manifestantes diante da presença da direita em atos da esquerda. Nada mais natural que o povo perca a paciência diante dos desmandos dos golpistas, diante do desastre social que o país enfrenta.