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O mesmo que elegeu Bolsonaro

Esquerda se junta à direita na defesa do sistema eleitoral

Defendem, sem restrições, sem controle de órgãos populares, sem auditoria, sem nada o sistema com o qual com o qual a burguesia quer impor a terceira etapa do golpe.

Do reacionário e genocida governo dos Estados Unidos aos partidos da esquerda parlamentar, passando pela imprensa golpista e por entidades da “sociedade civil” reforçou-se a “unidade” em uma “cruzada” na defesa do chamado sistema eleitoral brasileiro, depois da reunião realizada pelo presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro, com dezenas de embaixadores de países estrangeiros residentes no Brasil, no último dia 18, na qual realizou exposição com críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, principalmente, aos ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ao processo eleitoral brasileiro.

O mesmo sistema eleitoral que, em 2018, por meio da fraude escancarada que foi a condenação ilegal, a prisão criminosa e a cassação da candidatura de Lula – dentre outros atropelos – garantiu o mandato ilegítimo para o capitão Bolsonaro.

Em meio a uma aguda crise interna, que levou o apoio ao presidente Joe Biden despencar para cerca de 30% do  eleitorado, por conta de sua política contra os povos de todo o Mundo e do seu próprio País, o governo e a imprensa imperialistas norte-americanos resolveram “meter a colher”, mesmo sem qualquer autoridade para atestar a validade de qualquer eleição. No dia seguinte à reunião de Bolsonaro com os embaixadores, a Embaixada dos Estados Unidos divulgou nota em que afirma que “as eleições brasileiras são um modelo para o mundo e que os americanos confiam na força das instituições do Brasil” (O Globo, 19/7/22). 

Em nota divulgada nos Estados Unidos se afirma que “as eleições brasileiras conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo” (O Estado de S. Paulo, 19/7/22). Isso apesar dos EUA e todos os demais países do Mundo não adotarem nem nada parecido com o “modelo brasileiro”.

O jornal The New York Times, além de comparar o discurso de Bolsonaro no encontro com a estratégia adotada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump antes das eleições de 2020, assinalando que “como Trump, Bolsonaro parecia estar desacreditando a votação antes que ela acontecesse, em um suposto esforço para aumentar a confiabilidade e a transparência“, criticou o brasileiro por ter chamado diplomatas estrangeiros “para lançar dúvida sobre as eleições, alimentando temores” de que irá contestar o resultado eleitoral, já que pelas pesquisas,”perderá de forma esmagadora” concluiu.

De fraude e crise em torno das eleições eles entendem. Além do super suspeito processo eleitoral norte-americano que teve em 2020 (em plena era do domínio tecnologia), a segunda apuração mais longa em 60 anos, para ter seu resultado oficial, os EUA são por meio de seu “Ministério das Colônias”, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e outros órgãos, responsáveis por um conjunto de fraudes e golpes na América Latina (dentre outros) que não encontra paralelo em todo o Mundo.

Destaque recente para o penúltimo processo eleitoral na Bolívia, “acompanhado” pela OEA. Seus “observadores”, junto com intensa campanha da imprensa golpista, apresentaram a conclusão de que a reeleição do candidato da esquerda, o indígena Evo Morales, teria sido fraudulenta, criando as condições para o golpe que levou à renúncia de Evo em 10 de novembro de 2019.

A revolta do povo boliviano contra o golpe e os indícios aberrantes de fraude nas “observações” da OEA, levaram a ONU e duas universidades norte-americanas (uma delas, Harvard), que realizassem investigações sobre a fraude acusada.

Como afirmou o jornalista Jânio de Freitas, a conclusão foi clara e unânime: “eleição sem fraude, vitória limpa de Evo no primeiro turno. Fraudulenta foi a OEA, tão integrante dos domínios americanos quanto o Havaí ou o Alasca“.

Agora, no “insuspeito” sistema eleitoral brasileiro, o TSE convidou o mesmo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, responsável pela “observação” na Bolívia e pela conclusões a favor dos golpistas da Bolívia, para acompanhar o “modelo” das eleições brasileiras e dar seu importante aval.

Os órgãos do Partido da Imprensa Golpista (PIG), em uníssono coro, condenaram as desconfianças levantadas pelo presidente (e por quem quer que seja) contra o “inquestionável” e “santificado” processo eleitoral brasileiro.

De acordo com a Folha de S. Paulo, por exemplo, a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) “teve os efeitos negativos para o mandatário e gerou problemas em diversas esferas” (19/7). E tratou de exaltar que as supostas “mentiras em série sobre as urnas e o uso novamente de um tom golpista provocou reações de repúdio em cadeia na cúpula do Judiciário, em diferentes setores do Ministério Público, oposição, além de impressões negativas em parte da comunidade internacional“.

Representantes da “insuspeita” comunidade dos procuradores públicos de todo o País, atores destacados de toda a criminosa operação Lava Jato, apresentou, no dia 19/7, uma representação contra Bolsonaro, citando a reunião com embaixadores como um “ilícito eleitoral”. Eles encaminharam ao procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitando providências.

Isso tudo, e muito mais, sob o embalo da campanha do “seu” sistema eleitoral feita pelos próprios dirigentes do TSE, em uma clara e indevida campanha política.

O ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), discursou – quando deveria se manifestar somente nos autos processuais – afirmando que “a Justiça Eleitoral foi alvo de notícias falsas” e que as urnas estão sendo atacadas por “narrativas nocivas”, durante evento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Paraná.

Expondo o paradoxo em que o presidente da República, político profissional há mais de três décadas, supostamente eleito por dezenas de milhões de brasileiros e candidato à reeleição, deve ser tolhido no seu direito de falar o que bem entender, enquanto o ministro que não teve voto de ninguém e foi indicado para “vigiar” o cumprimento da Constituição teria todo o direito de falar o que quiser sobre o processo eleitoral, a opinião do presidente ou seja lá o que for. 

Como chefe de um partido, o magistrado discursou atacando o chefe do Executivo, sob a alegação de que “os sinais de alertas que atentam contra a independência dos poderes”. 

A crise expressa o acirramento da divisão da burguesia diante do processo eleitoral, na qual os “donos do golpe” de Estado e seus principais atores, defensores da “terceira via”,  disputam com a direita bolsonarista, quem vai comandar a terceira etapa do golpe ou em que condições chegarão a um acordo em torno da divisão do botim, do roubo e das destruição das condições de vida da imensa maioria do povo brasileiro.

Uma questão decisiva é que a esquerda parlamentar e, por sua conta, as organizações de luta dos trabalhadores não tem uma posição própria, indo simplesmente à reboque das posições dos setores mais poderosos da burguesia imperialista e “nacional” que deram o golpe, derrubaram a presidenta Dilma, condenaram e prenderam o ex-presidente Lula e fizeram retroceder como nunca a vida do povo brasileiro.

Assim, junto com esses setores, essa esquerda vai do apoio à PEC da “compra de voto” que autorizou o estado de emergência e a concessão de cerca de R$50 bilhões para o governo Bolsonaro distribuir na campanha eleitoral, à defesa do “modelo” de sistema eleitoral brasileiro, antidemocrático e totalmente fora do controle popular, dos partidos etc.

Ao contrário de formularem uma política própria diante da divisão da burguesia, se emblocam com ela, capitulam e apoiam que hora o governo Bolsonaro tenha mais poderes para “comprar votos”, hora a terceira via, por meio da justiça golpista tenha mais poder sobre as eleições, para violar a Constituição na questão da liberdade de expressão etc.

Dirigentes de esquerda e entidades populares se alinham com golpistas de larga trajetória como o diplomata e ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente Rubens Ricupero, autor da famosa frase “vazada” pelas parabólicas: “Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde.”, quando era ministro da economia do famigerado governo FHC. Cinicamente o tucano afirmou que sobre o evento de Bolsonaro com os embaixadores que “nunca ouvi falar de nada parecido em termos de absurdo” (Correio Braziliense, 20/7/2022).

Defendem, sem restrições, sem controle de órgãos populares, sem auditoria, sem nada, o mesmo sistema sistema eleitoral que elegeu Bolsonaro e com o qual a burguesia quer impor a terceira etapa do golpe.

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