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Antônio Carlos Silva

Professor de Matemática. Fundador do PCO, integra a sua Executiva Nacional. Atuou na fundação do Coletivo de Negros João Cândido. Liderou a criação e coordenação dos Comitês de Luta contra o golpe e pela liberdade de Lula. Secretário Sindical Nacional do PCO, coordena a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, da CUT.

É preciso virar à esquerda

As lições do dia 18/8 e a mobilização de 7 de setembro

É preciso superar a politica de conciliação e capitulação diante da direita, da frente ampla com os golpistas

Os atos do último dia 18, por conta da sabotagem por parte da esquerda frente amplista (PCdoB, PSOL, direita do PT) e da burocracia sindical das “centrais” pelegas, nem de longe se constituíram no que era possível e necessário diante dos pesados ataques desferidos contra os trabalhadores nas últimas semanas pelo governo e toda a direita: “mini-reforma” trabalhista (MP1045), a famigerada reforma administrativa (PEC 32) e as doações das empresas públicas (Eletrobrás, Correios etc.) por meio das privatizações. 

No entanto, eles serviram para trazer à tona, ainda que muito parcialmente, um aspecto fundamental para que a luta dos explorados contra o regime golpista possa ser vitoriosa: a presença marcante de setores organizados da classe trabalhadora, liderados pela maior organização operária do País, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e seus sindicatos.

Essa participação só não foi maior porque os setores que propuseram e defenderam a mobilização no dia 18, não levaram a mobilização até as últimas consequências e capitularam diante da clara sabotagem que setores da esquerda que,  desde o começo se opunham , já nos dias posteriores ao ato de 24 de julho, à realização de novos atos em agosto, como expuseram, inclusive, pela imprensa golpista.

Embora tenham, formalmente, se colocado de acordo com o ato do dia 18, foi publico e notório que a maioria das organizações, frentes, coalizões etc. que dominam os carros de som, os discursos nos atos anteriores, desta feita, sequer convocaram a mobilização e, em muitos casos, nem mesmo compareceram aos atos.

O esforço desses setores em favor do ato do dia 18 não chegou a 10% do empenho demostrado por eles para se solidarizarem com o PSDB quando os mercenários contratados por esse Partido foram escorraçados da Avenida Paulista, por militantes da esquerda.

A verdadeira causa desse “esfriamento” em relação aos atos anteriores não foi um alegado “cansaço” das mobilizações que alguns dirigentes chegaram a anunciar, já que o trabalho em torno dos atos por parte desses setores quase sempre se resumiu ao “esforço” por se apoderar dos atos e comandar as atividades que eram resultado, majoritariamente, da mobilização espontânea – principalmente – de setores da juventude e das classe médias.

A sabotagem dos atos do dia 18 é o resultado da política de  submetimento desses setores à política dos principais setores da direita golpista – que essa esquerda tem como aliados, na frente ampla -,  que não querem nenhuma mobilização e que tramam para acabar o movimento e lançar o País na terceira etapa do golpe de Estado.

Isso fica evidente quando, no mesmo dia em que dezenas de milhares trabalhadores, saíam às ruas liderados pela CUT e seus sindicatos, dirigentes de nove partidos golpistas realizaram um almoço, na sede do PSDB em Brasília, no qual o “prato principal” era “buscar alternativa a Lula e Bolsonaro”, segundo anunciou manchete do reacionário O Estado de S. PauloO encontro reuniu os presidentes do DEM, MDB, Cidadania, Podemos e PV, além do próprio anfitrião, com o intuito de discutir os rumos da disputa do ano que vem. Eles divulgaram que o “bloco da terceira via” seria integrado pelo Novo, PSL e Solidariedade. No conjunto, partidos direitistas (que chamam a si mesmo de “centro”) que vêm atuando em uma frente com o governo Bolsonaro e o “centrão”, pela aprovação de um conjunto de medidas de ataques aos trabalhadores, que foram o mote dos atos do dia 18. 

É evidente que a direita está preparando e impondo a “toque de caixa” nova etapa golpista. Seu objetivo principal é, mais uma vez, derrotar os trabalhadores e a esquerda, preparando o golpe contra a candidatura de Lula. Preferencialmente, pretendem impor uma candidatura própria, puro sangue da direita golpista (preferencialmente, neste momento, a de João Dória), tendo como “plano B” o apoio a Bolsonaro, como fizeram em 2018. Tudo para evitar o que para eles é – fato – o mal maior: a vitória de Lula e dos explorados brasileiros e suas organizações que ele representa.

Isso torna necessário e fundamental realizar esse debate, no interior do movimento de lutas pelo fora Bolsonaro, partidos, sindicatos etc. para armar o conjunto do ativismo para as próximas etapas, começando com a mobilização convocada para o próximo dia 7 de setembro. Isso porque a tarefa central para que os trabalhadores e a juventude possam se armar e enfrentar a verdadeira guerra em curso (e que se intensificará no próximo período) é, justamente, ter consciência dos desafios que estão colocados e da necessidade de superar a política de derrotas da colaboração e capitulação diante da direita golpista.

Por conta dessa importância, nós do Partido da Causa Operária (PCO), vamos reapresentar nos fóruns do Movimento Nacional pelo Fora Bolsonaro e junto ao conjunto do ativismo as propostas que expusemos na Carta aberta às organizações e ativistas do Fora Bolsonaro, que publicamos no fim de junho, principalmente no chamado feito ao estabelecimento de “uma organização democrática e pública do movimento”, contra a posição dos “autoproclamados líderes do movimento [que] se acham no direito de decidir qualquer coisa sem ter que dar nenhuma satisfação para um milhão de pessoas que estão nas ruas e mais sabe–se lá quantos milhões que apoiam as mobilizações e que ainda não foram chamados a sair às ruas”. 

Como assinalamos, então,  “esse movimento tem o potencial de derrubar o governo e colocar em xeque o regime político”, por isso mesmo, vem sendo duramente golpeado. E para que “possa efetivamente derrubar o governo, é preciso que ele sirva para impulsionar e dirigir a luta. O movimento precisa ser democrático e absolutamente público em todas as suas decisões”.

É hora de rever seu funcionamento, rearmar as manifestações já com vistas aos atos convocados para o próximo dia 7 de setembro, por isso reiteramos as seguintes propostas:

  • Criar uma direção formal e pública para o movimento, composta pelos dirigentes dos partidos políticos da esquerda e das principais organizações de massas, como a CUT, o MST, a UNE e a CMP; 
  • Que as reuniões sejam públicas: as datas devem ser divulgadas, amplamente convocadas, assim como as decisões tomadas e os posicionamentos de cada entidade envolvida. 
  • Expandir o movimento. Criar comitês de luta pelo fora Bolsonaro em todo o País, abertos à participação de todo o ativismo;
  • • Envolver o maior número possível de ativistas na tomada de decisões. É preciso organizar o movimento de alto a baixo, criar comitês de base que organizem e realizem atividades de rua e plenárias para convocar os atos e fortalecer o movimento.

Em relação ao dia 7/9, iniciar já a convocação dos atos. Nos locais tradicionais de mobilização da esquerda. Realizar uma ampla convocação nos locais de trabalho, estudo e moradia, com milhões de panfletos e dezenas de milhares de cartazes, dentre outras medias de campanha.

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