Apesar das tentativas fajutas empreendidas pela imprensa burguesa e pelo governo Bolsonaro para mascarar ou maquiar a realidade, a pressão dos fatos insiste em se impor e acaba por revelar, afinal, as condições de miséria contínua e sistemática a que a classe trabalhadora brasileira vem sendo submetida há anos, como resultado da ofensiva imperialista no continente e em todo o mundo.
De acordo com os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada ontem (31/07) pelo IBGE, o segundo trimestre de 2019 fechou com dois recordes negativos na série histórica iniciada em 2012.
O primeiro diz respeito à população sub ocupada, isto é, à porção da força de trabalho que trabalha menos de 40 horas por semana e gostaria (ou melhor, precisaria) de trabalhar mais. Segundo os dados, os sub ocupados alcançaram a marca de 7,4 milhões de pessoas – aumento de 8,7% em relação ao trimestre anterior e de 13,8% em relação ao mesmo período de 2018.
Os trabalhadores por conta própria, aqueles que fazem bicos para sobreviver, são responsáveis pelo segundo recorde histórico, já que atingiram a marca de 24,1 milhões de brasileiro, 1,6% a mais em relação ao trimestre anterior e 5% em relação ao mesmo período de 2018.
Os dados da pesquisa ainda confirmam a manutenção do alto número dos chamados “desalentados” — trabalhadores que desistiram de procurar emprego depois de muito procurar e não encontrar —, que abarcam 4,9 milhões de pessoas, e o aumento do número de trabalhadores de informais, sem carteira assinada, que chegou a 11,5 milhões de trabalhadores, um aumento de 3,4% na comparação com o trimestre anterior.
Os números divulgados pelo IBGE expressam, ainda que de maneira muito imperfeita, porque estão aquém da realidade, a situação alarmante em que se encontra a classe operária e os trabalhadores em geral.
Bastaram apenas alguns anos de aplicação da política neoliberal mais agressiva, com a destruição e fechamento de inúmeras fábricas e indústrias nacionais, com o corte dos orçamentos e o sucateamento dos serviços públicos essenciais (saúde, educação, assistência social, saneamento básico etc.), com o ataque aos direitos trabalhistas e às organizações dos trabalhadores, entre outras coisas, para que o cenário de devastação social e econômica se desenhasse e os trabalhadores caíssem na teia do desemprego, da sub ocupação, da superexploração, dos salários de fome e da miséria geral.
No momento atual, o governo fascista de Jair Bolsonaro é o instrumento por meio do qual essa política de terra arrasada continua a ser imposta sobre o povo. Bolsonaro já disse, em várias ocasiões, que “é muito difícil ser patrão no Brasil” e que “o trabalhador terá que escolher entre mais direitos e menos emprego, ou menos direitos e mais emprego”. Para além de simples declarações, Bolsonaro demonstra, na prática, que sua intenção é rebaixar até o limite as condições de vida e de trabalho do povo, é satisfazer, se necessário pela força, os interesses dos patrões, dos grandes capitalistas, do imperialismo, é aniquilar as organizações de luta dos trabalhadores, minando sua capacidade de se opor aos ataques. Em suma, o governo Bolsonaro não passa de um inimigo declarado da classe operária e do povo em geral. É preciso derrubar seu governo pela força da mobilizar popular. Fora Bolsonaro!