É assombroso, caro leitor, a última “greve geral da educação” mostrou um cenário, que em grande medida estava escondido do público, o cenário da decomposição geral que se apossou da UNE (União Nacional dos Estudantes).
Recapitulando os fatos: a última greve geral da educação surgiu como uma convocatória do ANDES (Sindicato Nacional de Docentes do Ensino Superior), que logo foi encampada pela UNE, ainda não fosse encampada pela CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação) ou pela CUT (Central Única dos Trabalhadores). O ANDES, ainda que sua iniciativa seja louvável, não tem todo o poder de mobilização da CNTE ou da CUT. Como estes setores não se mobilizaram, a convocação ficou principalmente a cargo do movimento estudantil.
Os atos, como muitos viram, não foram grandes, alguns inclusive foram muito pequenos, isso não demonstra que os estudantes não tem poder de mobilização, isso demonstra que a UNE está paralisada.
Historicamente, pelas últimas três décadas, a UNE tem sido controlada pelo PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e neste processo vimos ela se colocar contra várias mobilizações importantes, e ainda mais, tornar-se cada vez mais afastada das bases estudantis e cada vez mais burocratizada.
Ao ponto que agora sua direção está em franca oposição à juventude brasileira. Enquanto no Rock in Rio milhares de estudantes pedem a cabeça de Bolsonaro, numa franca mobilização contra o atual regime político, a UNE desfralda a bandeira verde-amarela. Enquanto a juventude polariza com Bolsonaro, enquanto ela exige Lula livre, enquanto a diferença entre esquerda e direita aumenta, a UNE propõe a “Frente Ampla” com aqueles que derrubaram Dilma, elegeram Bolsonaro e prenderam Lula.
A UNE não está enterrada, ela não traiu mobilizações ao ponto de ser vista pelos estudantes como entidade traidora, ela não está esgotada, ela está paralisada, é preciso quebrar esta paralisia, é preciso reconstruí-la.
Voltá-la a sua antiga glória. Nos idos de 1979 seu grito de guerra era “A UNE somos nós, nossa força, nossa voz!”. Esse era o grito da base da UNE, dos estudantes, ou seja, a UNE era o movimento estudantil, não o PCdoB. É preciso restabelecer isso.
Isso tem de começar de baixo para cima, é preciso reconstruir o movimento estudantil, reconstruí-lo sob a base da luta política, não sob a base da luta econômica.
O movimento chegou a seu auge durante a luta pela queda da ditadura, pela derrota do golpe militar.
A ditadura está voltando, temos de voltar também. É preciso ir às ruas de todas as universidades, públicas e privadas, e fazer a propaganda da luta pelo Fora Bolsonaro! da liberdade de Lula, das eleições gerais e de Lula candidato.
Esse é o “abaixo a ditadura” dos dias de hoje, isso está acendendo a chama do movimento, é preciso acabar com o verde-amarelismo, que nada passa de um bolsonarismo enrustido e por abaixo essa burocracia.
É neste sentido que esta coluna estará dedicada, nas próximas semanas, a debater temas do movimento estudantil, dar base teórica para a campanha que está sendo lançada pela AJR (Aliança da Juventude Revolucionária) em todas as universidades, sob a perspectiva imediata que apresentamos, e sob a ideologia comunista, cumpriremos este papel, combateremos a burocracia, e faremos o possível para ajudar o movimento a se reorganizar.
Fora Bolsonaro!
Liberdade para Lula!
Eleições gerais já!
Lula candidato!
Em defesa da aliança operário-camponesa-estudantil!
Por um governo tripartite nas universidades!
Pela revolução, pelo governo operário e pelo comunismo!