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Sem solução à vista

Recessão prolongada, rumo a depressão da economia mundial

Crise capitalista ampliará desemprego e desigualdade

A crise capitalista, que se ampliou rapidamente com a pandemia do novo coronavírus, vai durar muito mais tempo e será muito mais profunda do que se imaginava anteriormente, é o que dizem os analistas que trabalham para grandes empresas europeias. O impacto visível é a paralisação da produção em muitos países e a perda de aulas (mais de 1,6 bilhão de estudantes ficaram sem aulas), mas para o Diretor de Risco do grupo, Zurich Insurance Group, Peter Giger, “estamos enfrentando o risco de outra geração perdida” (Exame, 19/5/2020).

O Fórum Econômico Mundial apresentou um relatório elaborado pelo Grupo Zurich Seguros e outras empresas de avaliação de risco para atualizar informações sobre a crise capitalista. Em janeiro, 350 analistas de risco já haviam apresentado previsões bastante pessimistas. “Mesmo antes da crise da covid-19, as organizações enfrentavam um cenário de risco global altamente complexo e interconectado”, comentou John Doyle, presidente e CEO da Marsh, que é uma das empresas que contribuíram para a confecção do relatório. Agora, os analistas concordaram com uma avaliação catastrófica do processo da crise como um todo, que compreende uma maior destruição do meio ambiente, com mais queimadas e devastação de florestas, mais protecionismo e mais disputadas de mercado, desemprego permanente e prolongamento da crise econômica e social.

O desemprego será o carro chefe do empobrecimento dos trabalhadores. E a super-exploração será o carro chefe do enriquecimento dos capitalistas. O resultado da equação será o aumento da desigualdade a níveis inimagináveis. Isso em todos os países, porém com muito mais impacto nos países pobres e governados por políticas neoliberais emanadas dos países ricos. No Reino Unido, mesmo com os conservadores no poder, “o governo anunciou com relativa celeridade três pacotes de estímulo à economia no valor total de 418 bilhões de libras, cerca de R$ 2,5 trilhões, para auxiliar as empresas de portes variados, além da suspensão da cobrança de impostos sobre valor agregado (IVA) para o setor do comércio e, principalmente, para os trabalhadores. O governo se propôs a garantir 80% dos salários até o limite de 2.500 libras por mês (ou R$ 14,8 mil).

Os trabalhadores por conta própria, que não serão contemplados por esta medida em especial, terão um prazo prolongado para pagar os seus impostos e também contarão com benefícios sociais bem mais generosos. O empresariado terá acesso a cortes de tributos e linhas de crédito que lhe possibilite ter dinheiro em caixa para pagar seus funcionários. O salário médio no Reino Unido está em torno de 585 libras (quase R$ 3,5 mil) por semana, ou cerca de 2.340 libras por mês (R$ 13,9 mil). No Canadá também haverá subsídios para o pagamento dos salários dos trabalhadores (O GLOBO, 24/03/2020, citado por Carlos Eduardo Santos Pinho, em Pandemia global, governo e desigualdade no Brasil: Um olhar das ciências sociais, IHU, 12/4/2020).

No Brasil a fome ameaça milhões. Dados oficiais, nitidamente subestimados, informam um desemprego na ordem de 12.2%, no primeiro trimestre, isto é, 12,85 milhões de trabalhadores. Segundo o IBGE, “entre os últimos três meses de 2019 e os primeiros três de 2020, 2,33 milhões de pessoas deixaram de trabalhar, quase 2 milhões desse total se referem ao mercado informal (Nexo, 30/4/2020). Dados que mostram que o IBGE não conseguiu ainda detectar o desemprego em massa que vem ocorrendo com a pandemia e a paralisação das atividades econômicas. O desemprego e a falta de oportunidades fará como que os mais pobres percam pelo menos 30% de sua renda na crise (Valor, 18/5/2020). E mais ainda, “na periferia, cerca de 84% das mães perderam a renda. Umas parcelas das mulheres não conseguiram o acesso ao auxílio emergencial e precisam de ajuda para sustentar a família durante a pandemia” (UOL, 30/4/2020).

O desemprego e a desigualdade não são fenômenos novos ou desconhecidos. Na realidade, são parte constitutiva do capitalismo em crise e especialmente em sua fase imperialista, com a dominância do capital financeiro e por uma crescente bolha acionária, que vive do giro do capital financeiro no mundo e da expectativa, que nunca se realiza, de lucros crescentes. “Gigantescas empresas não-rentáveis são sustentadas por uma bolha acionária que ameaça explodir de vez com a agulha oferecida pelo coronavírus. E esse não é o caso somente dos EUA. O próprio governo chinês há décadas financia empresas notoriamente improdutivas devido à sua importância “estratégica”. Corporações de várias partes do mundo sustentam suas operações de produção não-lucrativas com os ganhos do mercado financeiro, até no mercado periférico do Brasil isso acontece: grandes marcas como a Netshoes nunca deram lucro e há dúvidas se a gigante iFood tem receitas líquidas devido ao pesado investimento e subsídios constantes que oferece aos seus clientes” (Maurilio Lima Botelho, Epidemia econômica: Covid-19 e a crise capitalista, Blog da Boitempo, 2/4/2020).

O que a pandemia do novo coronavírus está provocando é a aceleração dos efeitos de uma crise que já vinha se manifestando e que será prolongada. Não há como se imaginar como a crise se processaria não houvesse a pandemia, mas seus efeitos seriam certamente os mesmos na economia (é bom lembrar a recente crise do preço do petróleo, acelerada pela disputa comercial entre Rússia e Arábia Saudita). Na política e na sociedade, cada crise econômica acaba se manifestando de forma diferente, em função no momento em que se dá, da forma em que ocorrem as disputas entre países e da luta de classes. Em alguns casos a guerra foi a forma de solucionar a crise, destruindo uma parte das forças produtivas e reforçando as relações sociais despóticas, ao mesmo tempo em que geraram lucros aos capitalistas. Em outros momentos, o desemprego em massa e a fome ocuparam o lugar das guerras para destruir parte da sociedade e reduzir os direitos gerais dos trabalhadores, também produzindo lucros e aumentando a desigualdade. Quando o analista da empresa Zurich, Peter Giger, citado no início desta matéria, fala que “estamos enfrentando o risco de outra geração perdida”, na verdade ele está apontando o destino da crise, como uma catástrofe para os trabalhadores, mas como a solução desejada pelos capitalistas.

Não há como o capitalismo encontrar uma solução para um processo criado por ele, como resultado necessário das contradições próprias de um sistema que para gerar lucros e mais lucros destrói a base real da produção desses lucros, o trabalho produtivo.

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