O regime haitiano, de secular opressão e miséria contra o povo, apoiado pelo imperialismo norte-americano foi a nocaute. Desde sexta-feira, dia 27 de setembro, o país – que é um dos mais pobres e miseráveis do mundo – está literalmente em chamas. As notícias que chegam dão conta de que a situação na ex-colônia francesa está completamente fora de controle, com centenas de insurgentes promovendo ações que vão desde a invasão de prédios públicos, barricadas e ataques contra representantes do governo, destruição de sedes da polícia e ataques a tribunais.
O país caribenho é um explosivo barril de pólvora, que desta vez teve como estopim da rebelião popular um relatório onde juízes do Supremo Tribunal de Contas do Haiti disseram que o presidente do país, Jovenel Moise é o beneficiário direto de um “esquema de peculato” que desviou o dinheiro da ajuda venezuelana destinada a reparos nas estradas, apresentando uma série de exemplos de corrupção e má gestão” (sítio AMW, 28/09).
Uma característica peculiar do levante que ocorre no Haiti neste momento é o enfrentamento que os insurgentes estão levando adiante contra a polícia do regime. Há relatos de resistência armada nas ruas da capital, Porto Príncipe e em outros pontos do país.
O regime corrupto e assassino de Jovenel Moise é mais um dos tantos outros regimes impopulares e antipovo na região diretamente apoiado e financiado pelos Estados Unidos. Também a polícia que atua na repressão ao pobre povo do Haiti recebeu treinamento nos EUA, em Austin, no Texas. A UDMO (Unidade Departamental para a Manutenção da Ordem), odiada pelo povo, assassinou muitos haitianos para proteger o corrupto regime de Moise. O povo nas ruas respondeu a violência policial incendiando unidades da UDMO.
A convulsionada situação na nação caribenha, secularmente marcada pela opressão, miséria e pobreza, é somente a expressão mais aguda de um fenômeno que está presente em toda a região das Américas, vivenciada pela maioria dos países latino-americanos. A superexploração dos povos do continente, imposta primeiramente pelos colonizadores e atualmente pelo imperialismo ianque, coloca para os trabalhadores e o conjunto da população a necessidade da luta em defesa dos seus direitos democráticos, de defesa da soberania e da autodeterminação dos povos e nações, ameaçadas pela pressão permanente do imperialismo estadounidense.
Jovenel Moise, presidente fraudulento apoiado pela Casa Branca é a prova viva da intervenção direta do imperialismo no continente. Os EUA, diante da crise monumental do capitalismo e da perda de influência em várias regiões do planeta (Ásia, Oriente Médio, América Latina), busca recompor minimamente seu controle sob os seus “satélites” de outrora, os países da América Latina, muitos deles em processo de rebelião contra a tirania ianque. A estratégia de Washington vem sendo o financiamento de golpes de Estado e o apoio aos regimes de extrema direita no continente, como é o caso do Brasil, da Colômbia, do Equador, da Argentina e outros, ao mesmo tempo que ameaça militarmente os regimes considerados por eles (o imperialismo) como hostis aos seus interesses (Cuba, Venezuela, Bolívia).
A luta dos povos das Américas em defesa dos seus interesses históricos e imediatos é uma só e contra o inimigo comum a todos os países do continente: o imperialismo. A tarefa da esquerda, dos revolucionários é impulsionar as tendências de luta presente em todos os países do continente para impor uma derrota de conjunto aos Estados Unidos da América, abrindo caminho para a vitória, a emancipação dos povos e a luta pelo socialismo.