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Genocídio

Realização do exame da Fuvest e o genocídio por uma boa causa

Para o vestibular da Fuvest, cerca de 130.000 pessoas estavam previstas para comparecer aos 148 locais de prova espalhados por todo o estado de São Paulo: um desastre premeditado.

Com o começo da pandemia, vimos surgir uma tendência especialmente falaciosa dentro da esquerda pequeno-burguesa brasileira. Apenas mais uma faceta da política levada pela burguesia durante a atual crise sanitária, a campanha do “Fique em Casa” logo infestou todos os aspectos da militância deste setor. Enquanto a população morria aos montes em decorrência da política genocida levada por Bolsonaro e por seus governadores “científicos” – que, diga-se de passagem, também defendiam a mesma política -, a esquerda brasileira ficava em casa, se acovardando por detrás de um dogma completamente falso.

Entretanto, ao mesmo tempo em que a pandemia avançava, a infame política do “Fique em Casa” encontrou sua inevitável falência. Como era de se esperar, esta campanha não teve absolutamente nenhum efeito no que diz respeito a bloquear, ou até mesmo retardar, o avanço da doença no Brasil. Afinal de contas, até hoje, o número de infectados pelo coronavírus aumenta a cada dia que passa, com a cifra de mortos já ultrapassando a grotesca marca de 200.000 pessoas.

Dentro disso, é preciso destacar um episódio em que ficou absolutamente claro o caráter demagógico do “Fique em Casa”: as eleições municipais de 2020. Antes do evento, era imprescindível ficar em casa acima de qualquer coisa para que pudéssemos erradicar o coronavírus da face da terra! Todavia, com o começo da campanha eleitoral, absolutamente todas as personalidades do “Fique em Casa” foram às ruas defender que, agora, a solução do problema se dava por meio das profundamente antidemocráticas eleições municipais, algo que também se mostrou equivocado após uma vitória generalizada da direita, mais especificamente do centrão golpista, em basicamente todos os municípios do País.

Agora, vemos mais um exemplo de que essa política não passava de uma farsa, uma desculpa para que as organizações de esquerda fechassem suas portas e entrassem de férias ao invés de combater o regime genocida da burguesia nacional.

Neste último domingo (10), ocorreu a primeira fase do vestibular da Fuvest, mais vestibular do País. Mesmo com a clara falência de absolutamente todas as estruturas de controle da pandemia no País, 130.000 pessoas estavam previstas para comparecer aos 148 locais de prova espalhados por todo o estado de São Paulo: um desastre premeditado.

Por mais que tenha sido estabelecida uma série de protocolos para impedir a proliferação da doença, é simplesmente impossível garantir a segurança de todos os vestibulandos que realizaram o exame durante o atual estágio da pandemia. A própria diretora-executiva da Fuvest, Belmira Bueno, reconheceu este risco, afirmando que “Essa possibilidade sempre esteve presente, não há como obrigar as pessoas a declararem (a doença)”. Sem contar na experiência prática que tivemos com a volta às aulas presenciais ao redor de todo o País, com a infecção de milhares de estudantes e professores que compareceram às aulas, colocando, de forma decidida, o vestibular da Fuvest como um verdadeiro matadouro.

Frente a tudo isso, qual foi a manifestação da esquerda pequeno-burguesa? O silêncio. Nenhuma nota de repúdio, nenhum ato, nenhum piquete, nada. Mais uma vez, abandonou-se a política do “Fique em Casa” em prol de uma boa causa que, segundo esses setores da esquerda, é o vestibular. Nesse ponto, inclusive, é preciso esclarecer o que de fato é o vestibular da Fuvest e, por extensão, qualquer processo seletivo dentro do regime democrático burguês: uma barreira.

Finalmente, o ingresso ao ensino superior deve ser um direito. Nesse sentido, o vestibular é a manifestação da burocracia burguesa para impedir que a classe operária acesse esses espaços. Afinal, quem consegue passar por esse tipo de prova é a classe média que, na maioria dos casos, precisou de um cursinho pré-vestibular para garantir suas tão estimadas vagas.

Ainda mais agora, com a pandemia, a principal reivindicação deve ser o cancelamento de todo e qualquer tipo de vestibular. Quem antes não conseguia bom desempenho nessas provas, ou até mesmo comparecer aos locais de aplicação, encontrará, agora, ainda mais barreiras para tal. Afinal de contas, 2020 representou a completa falência do sistema educacional brasileiro com o estabelecimento do EAD – projeto claro de privatização e precarização do ensino -, polarizando ainda mais as diferenças entre a juventude nacional. 

Nesse sentido, é preciso organizar a juventude de todo o Brasil na luta pelo cancelamento dos vestibulares, pela abertura total das universidades e, por conseguinte, pelo Fora Bolsonaro. É a única solução para o problema da pandemia que, neste momento, não possui absolutamente nenhuma perspectiva de melhora dentro do regime da burguesia nacional que, de forma clara, tem como única preocupação o lucro de suas empresas.

Até que seja tomado este passo em direção à luta de juventude, o número de mortes em decorrência do coronavírus continuará aumentando, ultrapassando a marca dos 200.000 mortos por muito. A esquerda pequeno-burguesa precisa se colocar ao lado dos trabalhadores, e não das organizações da burguesia nacional. Caso contrário, o povo brasileiro continuará sendo vítima da política genocida dos governos, à mercê da boa vontade de Bolsonaro e de seus carrascos.

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