A diferença entre a direita “civilizada” e a direita “bolsonarista” está cada vez menor aos olhos dos incautos. Ignorando a crise sanitária e o crescente número de mortos por conta do novo coronavírus, bolsonaristas e direitistas da “ala civilizada” implementam o mesmo plano para a volta às aulas. Em tese, são duas faces da mesma moeda: uma a cargo da burguesia que impulsiona o fascismo e a outra a cargo da burguesia favorável à Frente Ampla. Ambas, porém, articulam entre si a mesma política – ou seja, o programa político genocida para a população.
Não demorou para que Bruno Covas (PSDB) avalizasse o projeto da burguesia – seja ela civilizada ou não. Embora a pandemia esteja longe de ser controlada, nesta quinta-feira, 14, a prefeitura de São Paulo liberou o retorno das aulas presenciais nas redes pública e privada a partir de 1° de fevereiro. Covas, em coletiva, afirmou que as aulas precisam voltar e que as escolas poderão operar em esquema de rodízio de estudantes, com 35% da capacidade, a priori. Desde que as aulas presenciais foram suspensas no município, em 16 de março de 2020, a pressão da direita e dos capitalistas em torno do retorno às aulas não cessou. De início, o fator de impedimento era a pandemia do novo coronavírus; e agora? Com o número de casos aumentando a cada dia, qual seria a desculpa para voltar às aulas. Obviamente, a prioridade não é a vida da população, mas a conta bancária dos capitalistas.
Convenhamos… ao lançar a cartada da volta às aulas é preciso agir com cautela e, com a experiência na arte de enganar o povo, os tucanos anunciaram a implementação de um sistema de monitoramento de vigilância. Nesse caso, para lograr êxito nas questões concernentes aos interesses da burguesia, o comitê de gestão burguês paulista – mais conhecido como prefeitura, agirá por meio das unidades de vigilância em saúde nas escolas. O secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, do grupelho de Covas, reiterou a vocação da burguesia em ceifar vidas e disse que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) farão o acompanhamento detalhado das crianças, educadores e dos pais.
Para se ter uma ideia da calamidade em que o principal centro econômico do país se encontra, nesta quarta-feira 13, o estado de São Paulo registrou um total de 13.490 pacientes internados por covid-19 em toda rede hospitalar; o que, em virtude do agravamento da pandemia, é o maior registrado desde o dia 2 de agosto de 2020, quando foram contabilizadas 13.775 internações no total. Já em relação à média móvel de mortes, os óbitos seguem acima de duzentas ocorrências há cinco dias. No entanto, no bastião da direita governista, João Doria (PSDB) dá a linha política da burguesia e seus cupinchas seguem o plano estabelecido. Doria, já em dezembro do ano passado, havia sinalizado que as aulas voltariam em breve. À época, classificou os estabelecimentos de ensino como serviços essenciais e que todos poderiam abrir em qualquer fase da pandemia, seja crítica ou não.
Há, no entanto, resistência aos planos de Dória e da burguesia genocida. O professores consideram um “absurdo” a posição de Dória e Covas. “A posição dos sindicatos sempre foi a de um retorno seguro, que possa cumprir todas as condições sanitárias e ao mesmo tempo também os conselhos das autoridades científicas e as advertências no sentido do não recrudescimento da pandemia”, disse o presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo, Celso Napolitano, ao repórter Jô Miyagui, da TVT.
Além de toda a manobra para a volta às aulas, os vestibulares estão na ordem do dia. A direita quer o Enem e o Fuvest, para citar apenas alguns, presenciais, bem no pico da segunda onda da pandemia, colocando os estudantes em risco. Assim como no caso da volta às aulas, é, também, parte da estratégia para a volta o retorno do ensino em todos os níveis. Afinal, não haveria melhor pretexto para encobrir o genocídio do povo: se as provas podem ocorrer, por que não as aulas? Sendo assim, aproveitando a realização da Fuvest e a do Enem, o prefeito de São Paulo já anunciou a volta às aulas. Isso tudo em meio ao descalabro da saúde pública e da situação extrema em que vive a população do Amazonas. Nessa quarta, 13, foi confirmado o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus no estado. Com hospitais superlotados e pacientes sem oxigênio, o governador afirmou que o sistema não tem condições de suprir a demanda da população. Sendo assim, pacientes serão transferidos para 6 outros estados. De acordo com o boletim da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), nona última terça-feira, 12, com o crescente número de óbitos, o estado já soma 5.8979 cadáveres vitimas da covid-19. No entanto, diferente de São Paulo, no Amazonas o Enem foi adiado por causa da crise sanitária. Mesmo com notícias nos diferentes jornais golpistas demonstrando o completo descontrole no Amazonas, a situação não é assim tão diferente do resto do País. Em todo o país a pandemia está sem controle. Esse, portanto, é o resultado do golpe de 2016 e da escalada da direita golpista.