O governador de São Paulo, João Dória Jr. (PSDB), mostra-se um perfeito exemplar do empresariado brasileiro. Muita propaganda, (muito) pouco conteúdo.
Desta vez, João Dória determinou que igrejas e cultos religiosos podem funcionar mesmo durante o estado de sítio (lockdown). Desta forma, fica claro e óbvio que o fechamento não passa de uma medida “para inglês ver”. Afinal, não há fundamento lógico algum em entender que os cultos não facilitam a disseminação da doença enquanto bares e restaurantes o fazem.
O que tem-se é a tentativa de Dória de continuar sua marcha demagógica, tentando, moda bolsonarista, agradar as parcelas mais conservadoras da sociedade e seus financiadores das igrejas.
A política de isolamento social de Dória, assim como a dos demais prefeitos e governadores “científicos” se mostrou um verdadeiro fracasso. O Estado de São Paulo, quando impostas todas as medidas repressivas, nunca chegou a ter mais de 60% das pessoas em isolamento. Mostrando que a “ciência doriana” não passa da antiga demagogia tucana bem maquiada.
A “ciência doriana” se mostrou muito eficiente em reprimir a população pobre e colocar nela a culpa de todas as desgraças. Entretanto, é bastante parceira das lotações em ônibus e metrôs, que, como os antigos navios negreiros, movimentam as massas de trabalhadores para serem explorados em todo estado de São Paulo.
Dória nunca foi “científico” ou coisa do tipo. Sua política é a do cálculo político para ganho próprio. Nos mesmos moldes do seu parceiro durante as eleições de 2018, o fascista Jair Bolsonaro.
Apesar do discurso liberal, do botox no rosto e das calças apertadas, João Dória é tão igual a qualquer direitista tradicional. E seguindo esta tradição, seu método é enganar e mentir o máximo necessário para continuar a parasitar o Estado.
Apesar de sua fase “científica”, João Dória nunca deixou de ser um dos mais fiéis defensores da política da extrema direita bolsonarista. Agora, vendo o fracasso de sua política, “retorna” ao bolsonarismo, de onde nunca saiu.
Entretanto, Dória de burro nada tem. Sabe que a melhor alternativa é jogar em todos os frontes. Para isso, implementa o lockdown da madrugada para tentar “mostrar serviço” à esquerda pequeno-burguesa. Ao mesmo passo, mantém escolas e igrejas abertas para agradar às parcelas mais à direita.
Dória já pensa em eleições. Sabe muito bem que o fechamento pelo fechamento não dá votos e faz perder o apoio dos banqueiros que desejam que tudo fique aberto. Pelo contrário, só os faz perder. Bolsonaro já sabia disto e por isso segue na sua linha para agradar sua base social. Dória tenta seguir no mesmo caminho. Porém, Dória tenta ser esperto e quer tentar ainda ganhar algum apoio da confusa esquerda pequeno-burguesa, que se mostra sempre pronta a fechar negócio com o primeiro direitista que fale bonito.
A diferença entre Dória e Bolsonaro, entretanto, é que Dória consegue ser ainda mais odiado pela população. Seu único trunfo eleitoral está restrito a usar a imensa máquina do PSDB em São Paulo. Fora do estado, Dória não passa de um grande fracasso anunciado. Até por isso, o governador de São Paulo se contém em mostrar seu bolsonarismo de maneira explícita. Caso contrário, fica impossível enganar até os setores mais trouxas da esquerda.
O plano de Dória de tornar-se o nome de uma frente ampla com setores da direita tradicional e elementos mais oportunistas da esquerda brasileira está a naufragar em velocidade recorde, independente das medidas demagógicas e eleitoreiras que tome. Sua impopularidade, somada à polarização crescente, fazem com que “atire para todos os lados”.
A esquerda não deve se iludir com ídolos de barro, como Dória. As massas rejeitam sua figura e associar-se a ela significa apenas confundir a população e despolitizá-la. É contraditório atacar a direita e, em época eleitoral, sob as mais fajutas justificativas, unir-se a direita que açoita a população dia e noite.
A esquerda, por sua vez, deve cair em si e entender que a única alternativa ao bolsonarismo é Lula. Soluções mirabolantes como Dória ou uma chapa com Haddad e a capitalista Luiza Trajano não passam de uma ilusão coletiva, fruto do desejo ardente da classe média em servir à burguesia.
O povo conhece a direita e nutre por ela total desgosto. Não entender isto ou ainda assim insistir em alianças com golpistas é arquitetar a própria desgraça.
As massas querem Lula e mais ninguém! Ele é o único, hoje, com capacidade de mobilizar a população para combater o contínuo golpe de estado em que vivemos e dar um basta à ditadura que persegue os movimentos sociais e partidos de oposição.
A recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Lula significa a derrota do golpe de estado e de figuras como Dória, Bolsonaro e outros elementos golpistas que servem aos capitalistas em um severo e brutal processo de expropriação das massas.
Por isso é necessário ir às ruas, em um enfrentamento amplo e intenso, pelos direitos políticos do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. A esquerda deve abandonar o oportunismo e os golpistas e adotar imediatamente, como palavra de ordem, “Ou Lula ou nada!”