O Nubank, que contava com um certo prestígio nas redes sociais, acabou caindo em uma armadilha criada pelas declarações de sua cofundadora, que, embora não dissesse diretamente, sugeriu prática racista na instituição, comprometendo a reputação da instituição.
Entrevistada no “Roda Viva”, da TV Cultura, na noite de segunda-feira, Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, ao comentar sobre políticas afirmativas e o que Banco está fazendo para promover a diversidade de funcionários, disse que o Nubank está investindo em programa de formação, mas admitiu que o nível de exigência é alto e que não dá para “nivelar por baixo”, dando a entender que negros são inferiores.
A repercussão nas redes sociais de que a instituição era racista, a obrigou a nova declaração se desculpando pelo “deslize”.
“Queria pedir desculpas, acho que não me expressei da melhor maneira. É superimportante a gente ter uma comunicação clara. Queria agradecer todo o feedback que está vindo, a repercussão que isso está tendo, porque todo mundo tem o que aprender”, disse ela em um vídeo.
Mas, não teve jeito. Houve muita gritaria: gente indignado e chamando de racista a instituição; outros dizendo que não permaneceriam no Banco; até hashtag “NubankRacista” apareceu.
Procurado pelo Valor nesta tarde, o Nubank enviou um posicionamento sobre diversidade racial publicado em seu blog, cujo conteúdo foi atualizado hoje. Sob o título “Diversidade racial no Nubank: o que fazemos – e por que isso ainda não é o bastante”, a fintech diz que sempre teve essa questão como um de seus pilares, mas afirma que ainda tem “um longo caminho pela frente”.
Essa polêmica lembra a mesma iniciativa do Magazine Luiza, que com o anúncio de um programa de Trainees em 2021 voltado para pessoas negras, gerou tumulto desagradando racistas e os setores mais radicais da direita, e empolgando a pequena burguesia negra e a esquerda pequeno-burguesa em geral. Mas, é claro que o que importa de verdade que é acabar com a exploração e opressão dos negros no país, isso suas atitudes passam bem longe de tentar uma solução.
Aliás, no toca à burguesia, nunca se tratará de libertar do jugo pesado que o capital coloca sobre os negros qualquer política que venha das empresas e os bancos. Muito pelo contrário. Envolver a pequena-burguesia negra e branca mais profundamente em suas ideias, seus valores, suas aspirações, seu horizonte político, é uma estratégia que visa controlar a classe operária e as massas oprimidas usando a pequena burguesia como vetor na propagação e a aceitação do regime político-ideológico burguês.
Seria uma contradição em termos, esperar que a burguesia, criadora de um exército de mão de obra desempregada de forma proposital para manter o achatamento salarial, além das péssimas condições de trabalho, quisesse promover os negros, e arrumar emprego para ele, justo ele que são a maioria da população pobre e desempregada, vivendo na miséria aqui no Brasil.