O filho do golpista Jair Bolsonaro está sendo enquadrado pela direita tradicional do regime político. Devido às divisões internas da direita golpista, permitiu-se que as investigações contra Flávio Bolsonaro seguissem adiante, e parte da história já foi devidamente vazada para a imprensa, complicando a família de extrema-direita colocada no poder após o golpe de Estado. O filho do presidente golpista, ex-deputado estadual no Rio de Janeiro e hoje senador Flávio Bolsonaro, é acusado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro de ser chefe de uma organização criminosa e de ter lavado dinheiro usando uma loja de chocolates em que teria como sócio um laranja.
O esquema de “rachadinha”, que consiste em desviar os salários de assessores nomeados para um determinado parlamentar, teria movimentado cerca de R$2,3 milhões durante os mandatos de Flávio na Alerj. O dinheiro, que era parte dos salários dos assessores laranjas devolvidos ao parlamentar, teria sido lavado por meio de uma loja de chocolates franqueada da Kopenhagen no Rio, e também por meio da compra de imóveis.
Na quarta-feira (18), a loja de chocolates foi um dos alvos de mandado de busca e apreensão cumpridos ao longo daquele dia. Os procuradores dizem que a organização criminosa de Flávio Bolsonaro teria funcionado “com alto grau de permanência e estabilidade, entre 2007 e 2018, destinada à prática de desvio de dinheiro público e lavagem de dinheiro”.
Queiroz
O ex-PM Fabrício Queiroz, que oficialmente seria o motorista do gabinete de Flávio Bolsonaro, seria um velho amigo pessoal da família e é apontado como o operador do esquema das “rachadinhas”, sendo encarregado de receber de volta parte ou a totalidade dos salários dos funcionários fantasmas. A promotoria identificou um total de 383 depósitos na conta bancária de Queiroz, que juntos somam o valor de R$2 milhões.
Parentes e milicianos
Entres os supostos funcionários fantasmas estão parentes de uma ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Esse dado respinga as denúncias no próprio presidente golpista. Além dessa ligação, a sogra e a esposa de Adriano Magalhães da Nóbrega teriam sido funcionárias fantasmas no gabinete de Flávio. Nóbrega é apontado como chefe do Escritório do Crime, principal milícia do Rio de Janeiro. Esse dado aponta, mais uma vez, a relação estreita do clã presidencial com as milícias e o crime organizado.
Fora Bolsonaro!
Todos esses dados, que estão sendo levantados e divulgados pela própria direita, são motivos mais do que suficientes para justificar o imediato fim do governo Bolsonaro. No entanto, é a própria direita que está revelando essas informações, inclusive violando o sigilo de um processo que corre em segredo de justiça. Ou seja, a direita está à vontade para manobrar com esses fatos, procurando conduzir a crise política de acordo com sua própria conveniência. Usam esses fatos para tentar dar um desfecho à direita para a crise política nacional.
A direita está à vontade para fazer essa manobra devido à omissão da esquerda diante da situação política. Atacam Bolsonaro para “colocá-lo na linha”. Mas essa jogada só é possível porque a oposição não se mexe. É preciso impedir que a direita consiga fazer essa manobra para tentar contornar a crise aberta pelo golpe. É a população que deve, mobilizada, derrotar o governo, levando em massa às ruas a palavra de ordem que concentra em si todos os fatores de oposição ao governo: Fora Bolsonaro!